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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Resenha || Maria Stuart, de Stefan Zweig

José Olympio, 2018 || 364 páginas || Skoob
Sinopse: Cheio de intrigas e reviravoltas políticas, Maria Stuart é um excelente retrato biográfico. Maria Stuart é uma obra biográfica da autoria do notável escritor Stefan Zweig sobre a rainha da Escócia (1542-1587), também rainha consorte de França entre 1559-60 e pretendente ao trono inglês, enquanto descendente de Henrique VII. Condenada por traição e presa durante 22 anos por ordem de sua prima Elizabeth I, rainha de Inglaterra, Maria Stuart ascendeu ao trono ainda criança e viveu uma vida repleta de intrigas políticas, romances destrutivos e diferenças irreconciliáveis. Nesta edição com tradução de Lya Luft, Zweig traça um perfil psicológico da protagonista, transformando essa biografia em uma espécie de thriller, e apresenta Maria como uma mulher forte e determinada para sua época, que criou seu próprio destino.  

RESENHA ✍

Maria Stuart foi uma rainha de vários tronos, de personalidade forte, inquieta e fascinante, que encantou poetas por todo o mundo enquanto reinava majestosamente, e que até hoje seduz escritores e historiadores pelos mistérios que sua trajetória carrega. Maria Stuart viveu intensamente. Foi rainha da Escócia (1542-1587); rainha consorte da França (1559-60) e descendente de Henrique VII, e por isso pretendente ao trono inglês.

Só a cobertura desse período já seria suficiente para uma biografia, mas a história de Maria Stuart vai além de sua corona, reinos e tronos. Aqui, Stefan Zweig vai além e faz um retrato mais profundo de quem foi realmente essa rainha, sua trajetória, impetuosidade e os caminhos que a levaram a prisão por traição pelas mãos de sua prima, Elizabeth I, onde ficou por 22 anos antes de ser executada.
"Numa idade em que outras apenas começam a desejar, esperar e cobiçar, ela já passou por todas as possibilidades de triunfo, sem tempo nem esforço para assimilar tudo isso. É nessa precipitação de seu destino que termina também o segredo de sua inquietação e insatisfação: quem foi tão cedo a primeira em um país e um mundo jamais poderá se contentar com uma vida mais modesta. Só naturezas fracas renunciam e esquecem, as fortes não se dobram e desafiam para a luta até o destino mais forte."
Essa é uma biografia detalhada, escrita como um romance, com ares de ficção. Na sinopse é comparado com um thriller, uma vez que o autor usa de alguns artifícios do gênero para manter um suspense em sua narrativa, mesmo sendo essa biográfica.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Resenha || Filha da Fortuna, de Isabel Allende

Bertrand Brasil, 2018 || 378 páginas || Skoob
Sinopse: Edição com nova capa de um dos maiores clássicos da autora do best-seller A casa dos espíritos. Abandonada ainda bebê no Chile do século XIX, Eliza Sommers foi criada por uma prestigiosa família inglesa em Valparaíso, onde se apaixonou por Joaquín Andieta, um dos empregados do tio adotivo. A descoberta de ouro na Califórnia em 1849 mobiliza metade do país, que não hesita em içar velas e correr atrás da fortuna — inclusive Joaquín, que lhe promete um casamento tão logo volte com os bolsos cheios de ouro. Mas Eliza não está disposta a esperar e parte clandestinamente para a Califórnia em busca de seu amado. Viajando escondida no porão de um veleiro na companhia de homens e mulheres atraídos pela febre do ouro, a jovem conhece Tao Chi'en, um médico chinês que a conduz por uma inesquecível jornada pelos mistérios e contradições da condição humana. Retrato vibrante de uma época marcada pela violência e pela cobiça, Filha da fortuna é um livro sobre a redescoberta do amor, da amizade, da compaixão e da coragem, e é povoado de personagens que ficarão para sempre na memória e no coração dos leitores.  

RESENHA ✍

Filha da Fortuna é um clássico da autora chilena Isabel Allende,  um dos nomes mais reconhecidos e aclamados da literatura em língua espanhola e vencedora de diversos e importantes prêmios, como Hans Christian Andersen em 2012 por sua série As Aventuras da Águia e do Jaguar, também publicada pela Bertrand Brasil. Meu primeiro contato com o trabalho da escritora foi pelo seu romance mais conhecido, A Casa dos Espíritos, que li e resenhei em 2018 (aqui). O estilo da autora é emaranhar suas narrativas a fatos históricos; suas tramas tendem a ser mais descritivas por isso.

Filha da Fortuna foi uma leitura extraordinária. Comecei o livro com poucas expectativas, confesso, mas fui arrebatada e surpreendida pelo que encontrei aqui. Uma trama também repleta de detalhes e fatos históricos sobre o Chile e a Califórnia (como também outros lugares, mas com enfoque nesses dois) de 1843 a 1853.

Aqui encontramos não só uma aventura com personagens intensos, grandes amores e perdas, mas mergulhamos em uma história que, a cada capítulo, cresce e se transforma, apresentando personagens e suas histórias, trágicas e infelizes; sobre romances interrompidos, improváveis e, acima de tudo, transformadores.
"Aquilo que esquecemos é como se não houvesse acontecido, mas muitas eram as suas lembranças, reais ou ilusórias, e assim, para ela, foi como viver duas vezes."

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Resenha || A Guardiã dos Vazios, de Victoria Schwab

Bertrand Brasil, 2018 || 322 páginas || Skoob | Resenha do primeiro volume
Sinopse: Um mundo rico e criativo, repleto de segredos e escolhas difíceis, em que amor e perda parecem ser duas faces da mesma moeda. O segundo livro da série A Guardiã de Histórias Mackenzie Bishop é uma das Guardiãs do Arquivo, um domínio secreto onde descansam as Histórias dos mortos ― registros de sua vida armazenados em corpos. Se uma História desperta, ela pode enlouquecer e tentar fugir ― e cabe a Mac garantir que cada uma seja devolvida à sua prateleira. No entanto, Mackenzie não se sente mais tão apta para o trabalho. Os acontecimentos do verão passado a assombram, e, quando os pesadelos que a perseguem começam a se insinuar mesmo durante o dia, ela sabe que algo está errado. Estaria lentamente perdendo a sanidade ou será que algo ainda mais sinistro a está perseguindo? Enquanto isso, pessoas começam a desaparecer sem deixar vestígios, e, quando Mackenzie acaba tornando-se a principal suspeita, ela se vê na obrigação de descobrir o verdadeiro culpado. Caso contrário, ela corre o risco de perder tudo ― seu papel de Guardiã, suas memórias… e até sua vida..

RESENHA ✍

A Guardiã dos Vazios é a sequencia do livro A Guardiã de Histórias, série juvenil sobrenatural escrita pela autora premiada Victoria Schwab. Li o primeiro livro em 2016, ano em que foi lançado por aqui, e como gostei muito da leitura aguardei ansiosa pela continuação, que só chegou aqui esse ano (2018). Assim que ele chegou por aqui fui correndo reler o primeiro para refrescar minha memória, e logo segui para o segundo, empolgada para continuar acompanhando os personagens e a trama que tanto me cativaram.

Depois dos eventos do primeiro livro, acompanhamos nossa protagonista Mackenzie Bishop fazendo o possível para continuar depois dos traumas que a abalaram profundamente, física e psicologicamente, colocando a adolescente no meio de uma batalha mortal entre Histórias desgarradas e Guardiões.

Não posso entrar em muitos detalhes sobre a trama, uma vez que acabaria dando algum spoiler sobre os livros, o que não é legal. Uma das coisas que me incomodaram na primeira leitura de A Guardiã de Histórias foi a personagem principal, ou melhor, seu desenvolvimento lento na narrativa. Na releitura eu não tive tantos problemas, inclusive gostei ainda mais do livro, o que me surpreendeu. Nessa sequência, encontramos a personagem passando por diversos problemas, entre eles a incapacidade de dormir sem ser perseguida por pesadelos cada vez piores, e mais reais que nunca. Ou não seriam pesadelos? Talvez os fantasmas que a perseguiram tanto não estejam tão bem enterrados, como imaginava. Eles continuam perseguindo-a, estudando seus passos, acompanhando cada decisão, cada escolha... Até onde ela pode ir com isso? Sua vida está de cabeça para baixo, e para piorar o verão acabou, o que significa voltar a escola... voltar a fingir ser normal, quando tudo o que ela quer é sumir.


Aqui também temos um pouco mais de um personagem extremamente cativante: Wesley. Ele também foi um personagem que amadureceu muito no decorrer da trama e me surpreendeu bastante. A dinâmica entre os dois foi um dos pontos altos do livro, e confesso que shipei muito.

Esse livro tem uma atmosfera mais sombria, gótica, enquanto acompanhamos Mack em suas tentativas de parecer uma adolescente normal quando na verdade é uma Guardiã e precisa diariamente deter Histórias que acordam de suas estantes e vagam pelos estreitos. Para explicar melhor essa parte, vou deixar um trecho da minha resenha anterior:
Neste livro somos apresentados a um mundo onde os mortos, como os livros, são guardados em bibliotecas. Não seus corpos verdadeiros, mas uma versão deles que comporta suas Histórias, suas vidas inteiras. Algumas Histórias acordam e ficam nos Estreitos, corredores cheios de portas que apenas um Guardião pode abrir e despachar os desgarrados antes que se tornem fortes o suficiente para escapar para o exterior, o mundo "real".
Essa continuação tem um ritmo mais lento até chegar aos últimos capítulos, que li de um fôlego só. Dizem que haverá ainda um terceiro livro, e estou torcendo para que a autora realmente estenda essa história mais um pouquinho, pois ficaram algumas questões em aberto. No mais, é uma sequência importante e muito válida se você leu e gostou do primeiro. Recomendo!

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Resenha || Entre as Mãos, de Juliana Leite

Editora Record, 2018 || 256 páginas || Skoob
Sinopse: Vencedor do Prêmio Sesc de Literatura 2018 na categoria Romance. Conduzido com precisão e movido por uma poderosa força que impulsiona todo o relato, Entre as mãos gira em torno de Magdalena, uma tecelã que, depois de um grave acidente, precisa retomar seus dias, reaprender a falar e levar consigo dolorosas cicatrizes — não apenas no corpo. Com personagens e tempos narrativos que se atravessam como fios trançados, este romance tem a marca de peça única, debruçando-se sobre questões como sobrevivência e ancestralidade, mas também amor e mistério a partir do corpo, do trabalho e dos gestos da protagonista, em duas fases de sua vida. 

RESENHA ✍

Entre as Mãos é o romance de estréia da escritora carioca Juliana Leite, vencedor do Prêmio Sesc de Literatura de 2018. Esse é um livro de narrativa não linear, formado como que por retalhos; uma colcha intrincada, feita a mão, formada por fragmentos de memória, lembranças, nem sempre confiáveis.

Aqui conhecemos a personagem Magdalena através de fragmentos de memória. Magdalena é uma tecelã que vende tapetes na feira, de vida simples; indo trabalhar, sofre um acidente no trânsito e tem o corpo dilacerado. Sua mão queima, seu útero é retirado, suas pernas e braços custam a funcionar, sua fala é prejudicada e também seu trabalho, o de tecer linhas e mais linhas com as mãos na construção de lindos tapetes... Agora, ela volta a morar com as três tias que a criaram para se recuperar do acidente. As quatro dividem um apartamento pequeno, sobrevivendo com pouco, mas com todo cuidado que uma pode dar a outra.
"Está aí algo que ainda tenho de você em mim: a habilidade de tomar as linhas soltas, as partes inexplicadas que sempre existem, dando a elas um encaixe, um lugar possível e modesto no conjunto de uma trama." p. 133
Essa foi uma trama que me surpreendeu bastante, tanto pela narrativa mais intrincada quando pela história em si e seus personagens. Foi uma leitura que me deu um nó na cabeça, e até agora estou tentando entender de fato o que aconteceu.


Não foi uma leitura das mais fáceis; fiz ela quase toda com a testa franzida, a cara de quem se esforça para não deixar escapar o fio que une os pedaços da trama. Mas isso só deixou a leitura mais interessante, imprevisível. A autora podia seguir pelas mais diversas direções, ela escreveu de forma a ter essa liberdade, a liberdade pra mudar a história, os personagens, a forma narrativa. Foi bem intenso. A escrita da Juliana é muito bonita, forte, e me encantou desde a primeira página.
"Você planejava as entradas dos parágrafos, a numeração dos capítulos, cuidando para que as cortinas e as cenas das cortinas, os corpos e as cenas dos corpos os lábios e os lábios em movimento para que tudo funcionasse. Você achou aquilo parecido com fazer tapetes. Tramar e escrever, coisas que se fazem com as mãos." p. 149
 Certamente uma leitura que recomendo, e espero ter a oportunidade de continuar acompanhando e prestigiando o incrível trabalho da Juliana :)

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Resenha || Força é a Nova Beleza, de Kate T. Parker

Editora Rosa dos Tempos, 2018 || 256 páginas || Skoob
Sinopse: Nas 175 fotos Força é a nova beleza, você vai ver meninas empoderadas, engraçadas, aventureiras, assertivas, barulhentas e criativas. Garotas que amam esportes e garotas que amam artes. Guerreiras. Sobreviventes. Garotas com os pés calejados em sapatilhas de balé e garotas usando camisas de futebol. Garotas desafiadoras e orgulhosas, mostrando suas cicatrizes, cabelos bagunçados e pés encardidos. Garotas aconchegadas no sofá, brincando ao ar livre, reivindicando sua independência diante das adversidades, cantando e tocando instrumentos. Este livro captura sua essência em palavras e sorrisos, com fotografias que inspiram — e servem como prova da máxima de que o que somos por dentro é o que conta. 

RESENHA ✍

Não é incomum encontrarmos imagens de garotas todas produzidas, participantes de concurso de beleza mirim, modelos de maquiagem, de roupas de grife, de salto alto e parecendo bem mais velhas do que realmente são. A industria da beleza não polpa as crianças, e hoje em dia é algo mais escrachado; a quantidade de denuncias, de repúdio, não vencem o sistema, que propaga a imagem de meninas agindo como adultas. Até no dia a dia, nas rotinas familiares, vemos isso ser aplicado de forma mais sutil: as garotas precisam se sentar "como mocinhas", estar com os cabelos sempre bem penteados, sempre limpas e com roupas passadas; pés limpos, calçadas, bem vestidas, sempre rosa.

Eu lembro que já ouvi tudo isso, desde bem pequena sempre ouvia como deveria me comportar, como deveria me vestir ou usar meu cabelo. Aos sete anos, vestidos rodados eram meu pesadelo, e eu chorava para não ter que usá-los, mas tinha que usar mesmo assim. Hoje vejo isso sendo imposto ainda na minha família, a questão da cor, dos modos... Mas só com as meninas. Sempre com as meninas.
"Todos nós levamos rasteiras da vida. Caímos. Falhamos. No trabalho, nas brincadeiras, na escola. (...) Independente disso, a mensagem é a mesma: em alguns momentos, a vida será difícil. (...) Uma escolha errada é apenas uma escolha errada. Uma oportunidade perdida representa que outras virão. A vida derruba essas meninas, mas elas não ficam no chão - elas nunca ficam no chão." p. 73
Neste livro a fotógrafa Kate T. Parker celebra a arte de ser livre, a beleza de ser quem você é, de fazer o que ama e se deliciar com isso. São 175 fotos que mostram garotas sendo corajosas, brincando, sujas de lama, praticando esportes, com cabelos emaranhados e roupas encardidas, rasgadas na euforia das brincadeiras ao ar livre; elas tocam instrumentos, cantam, descobrem sua voz, sua força, sua garra. Elas querem mudar o mundo, ser reconhecidas no mundo, e encantam com suas palavras doces e sinceras, e seus sorrisos enormes. "Força é a nova beleza" é um livro inspirador. Adorei conhecer cada uma dessas crianças incríveis, criativas e espertas...

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Resenha || Semente de Bruxa, de Margaret Atwood

Editora Morro Branco, 2018 || 352páginas || Skoob
Sinopse: Felix está em seu melhor momento como diretor artístico do Festival de Teatro de Makeshiweg. Suas produções anteriores encantaram e desconcertaram a audiência. Agora ele irá produzir A tempestade como jamais fora encenada: a peça não apenas aumentará sua reputação, mas servirá para curar antigas feridas emocionais... ou este era o plano. Após um ato de traição inimaginável, Felix exilou-se em uma cabana caindo aos pedaços, assombrado pelas memórias de uma filha perdida, enquanto espera por vingança. E ela chega após doze anos, na forma de um curso de teatro em um presídio. Ali, Felix e seus atores encarcerados finalmente montam A tempestade e preparam uma armadilha para os traidores que o destruíram. Mas irá a peça restaurar a vida de Felix, ao derrubar seus inimigos?  

RESENHA ✍

Semente de Bruxa é um livro curto e maravilhosamente envolvente no qual somos apresentados a Felix, diretor artístico do Teatro de Makeshiweg e conhecido por suas produções elaboradas e encantadoras que arrebatam o público. Seu próximo grande show será a produção da peça A Tempestade, de William Shakespeare, que não apenas aumentará sua popularidade no teatro, mas será uma forma de aliviar seu emocional abalado depois de uma grande perda.

Felix tem seus planos suspensos quando seu assistente arma contra ele um grande golpe, que não só cancela a produção, mas tira dele seu amado emprego no teatro. Abalado pela traição e perseguido por lembranças que o tiram do eixo, busca exílio em uma antiga cabana no meio do nada, planejando sua grande vingança. Após anos longe dos teatros ele tem a oportunidade de trabalhar como professor em um presídio ali perto, onde ele monta um curso de teatro onde os alunos encarcerados se tornam atores, personagens de narrativas de Shakespeare, histórias de amor, aventura e vingança. Esse ano a peça encenada será sua Tempestade, e ele dará tudo de si para montar uma apresentação inesquecível para todos ali, especialmente para seus traidores. 

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Resenha || Bagageiro, de Marcelino Freire

José Olympio, 2018 || 160 páginas || Skoob
Sinopse: Bagageiro, no Recife, é onde se leva todo tipo de coisa em cima da bicicleta: mercadoria, botijão de gás, criança etc. Neste Bagageiro, encontramos uma coletânea de pequenas histórias, entremeadas por comentários – por vezes mordazes – sobre a escrita, o país, o mundo, a vida literária e não literária. Classificados pelo autor como “ensaios de ficção”, os textos reunidos nesta obra fazem parte de um gênero atípico, misturando críticas à realidade, toques de humor sagaz e prosa poética, tudo isso com o estilo único e brilhante de Marcelino Freire.  

RESENHA ✍

Bagageiro foi um livro que já me chamou atenção pelo título; depois, lendo sobre o autor, descubro que Marcelino é pernambucano, como eu, e a vontade de ler esse livro só intensificou. Se você pesquisar no Google o significado da palavra bagageiro vai encontrar a seguinte definição: Bagageiro 1. que ou o que transporta bagagens. Em Recife, bagageiro é "onde a gente leva tudo, de carona, em cima da bicicleta. Botijão de gás, criança, bomba atômica" (citando a orelha do livro).

Quem é de Pernambuco visualiza logo um bagageiro lotado de tralhas em cima da bicicleta, que passa avexada nos quebra-mola quase derrubando tudo que, quase sempre, se equilibra amarrado com uma corda fina ou mesmo umas voltas de barbante, na base da fé e da confiança em quem está levando aquilo.

Bagageiro é um livro que também traz muita coisa em poucas páginas, pouco espaço. São 17 ensaios em pouco mais de 150 páginas, ou como diz o autor "esta foi uma obra de ficção. Embora tenha sido um livro de ensaios". É difícil definir os textos que o autor nos apresenta aqui; alguns são formados de trechos, frases curtas e recortes; outros são puro diálogo... Mas todos carregam sentimento, emoção, reflexão, nostalgia, críticas sociais, homenagens, arte e literatura simples e bela.
"A poesia ajudou a multiplicar. Somos falidas para outras riquezas, compreendem a beleza? A gente sabe onde fica o chão do nosso lugar. A arte faz isso. Recupera. Não é essa demência que querem nos vender. De que a arte não serve, a arte é para vagabundos. Bêbados. Eu só bebo água da boa, que cai ali, sem engarrafar. Vivo com o tempo que o tempo me dá. E eu me sento, plena, se depender de mim todo dia triunfa um poema."

terça-feira, 30 de outubro de 2018

Resenha || Mas Tem Que Ser Mesmo Para Sempre?, de Sophie Kinsella

Record, 2018 || 378 páginas || Skoob
Sinopse: Juntos há dez anos, Sylvie e Dan compartilham todas as características de uma vida feliz: uma bela casa, bons empregos, duas filhas lindas, além de um relacionamento tão simbiótico que eles nem chegam a completar suas frases – um sempre termina a fala do outro. No entanto, quando os dois vão ao médico um dia, ouvem que sua saúde é tão boa que provavelmente vão viver mais uns 68 anos juntos... e é aí que o pânico se instala. Eles nunca imaginaram que o “até que a morte nos separe” pudesse significar sete décadas de convivência. Em nome da sobrevivência do casamento, eles rapidamente bolam um plano para manter acesa a chama da paixão: de um jeito criativo e dinâmico, passam a fazer pequenas surpresas mútuas, a fim de que seus anos (extras) juntos nunca se tornem um tédio. Porém, assim que o Projeto Surpresa é colocado em prática, contratempos acontecem e segredos vêm à tona, o que ameaça sua relação aparentemente inabalável. Quando um escândalo do passado é revelado e algumas importantes verdades não ditas são questionadas, os dois – que antes tinhas certeza de se conhecerem melhor do que ninguém – começam a se perguntar: Quem é essa pessoa de verdade?...”. 

RESENHA ✍

Sylvie e Dan são felizes. Juntos há exatamente dez anos e pais de duas meninas, eles possuem uma relação de cumplicidade, adivinham o pensamento e terminam as frases um do outro... até que uma consulta com o médico muda tudo.

Depois de um exame de rotina rápido, eles são informados de que ainda viverão muitos anos, pelo menos mais 68 anos juntos, e isso os desespera. Mais 68 anos juntos, vivendo na mesma casa, compartilhando as mesmas coisas... Isso deveria deixá-los animados, mas logo a realidade vai bater à porta, e eles sentem a necessidade de inventar alguma coisa, qualquer coisa, para manter a chama da relação acesa. Assim, nasce o Projeto Surpresa, logo colocado em prática. Mas o que deveria mantê-los mais unidos e apaixonados se revela um projeto cheio de furos e fadado ao fracasso quando alguns segredos são revelados, levando à superfície fantasmas do passado que podem ameaçar a relação cada vez mais abalada.
— Nós dividimos nossa vida em décadas. Em cada década fazemos algo diferente e legal. Conquistamos coisas. Nos superamos. Tipo, que tal se, por uma década inteira, a gente só se falasse em italiano?
— O quê?

terça-feira, 28 de agosto de 2018

Resenha || No Ritmo do Amor, de Brittainy C. Cherry

Record, 2018 || 336 páginas || Skoob
Sinopse: A linda e encantadora Jasmine Greene nasceu para brilhar. Cantora nata, ela cresceu sabendo que tinha vindo ao mundo para ser famosa, pois sua mãe — uma artista frustrada que concentrava na filha todas as suas expectativas — não a deixava se esquecer disso um minuto sequer. Ela não tem tempo nem de ir à escola, é educada em casa e sofre com a rotina atribulada. Para Jasmine, o pior de tudo é não poder cantar soul, sua paixão. Mas ela não reclama, porque, na verdade, seu maior sonho é fazer com que a mãe tenha orgulho dela. Elliott Adams é uma alma atormentada. Para ele, cada dia é uma batalha a ser vencida. O rapaz tímido, humilde e franzino sofre bullying na escola por causa de sua aparência e por ser gago. Mas ele é mais forte do que imagina e encontrou em seu saxofone uma válvula de escape. Quando Jasmine finalmente consegue a permissão da mãe para frequentar a escola pela primeira vez na vida, sente que ganhou na loteria. Adora estar cercada de pessoas da sua idade, que vivem os mesmos dilemas e questionamentos... ela só odeia ver o garoto mais encantador que já conheceu na vida sofrer na mão dos valentões e fará tudo o que estiver ao seu alcance para mostrar a Elliott que ele não está sozinho. Aos poucos, esses dois jovens sofredores irão descobrir que têm muito mais em comum do que o amor pela música. Mas será que vão superar as reviravoltas que o destino preparou para eles?  

RESENHA ✍

Jasmine é uma garota extrovertida que encanta a todos com seu jeito doce e gentil; ninguém nunca diria que aquela adolescente guardava dentro de si sentimentos tão confusos e uma tristeza em seus olhos que só uma outra alma sensível como a sua seria capaz de enxergar. Sua vida é tentar agradar a mãe, uma mulher amarga e interesseira que está moldando a única filha para se tornar uma estrela do pop. Para isso, Jasmine participa de aulas intermináveis de balé, canto e dança, tudo para alcançar as expectativas da mãe, que ela nunca, por mais que se esforce e dê tudo de si, consegue agradar. Mas ninguém consegue ver esse lado feio da vida dela. Na escola ela é a garota mais popular e recebe toda atenção, e é lá que ela conhece Elliot.

Elliot é um garoto tímido e muito magro que também recebe toda a atenção na escola, para seu terror absoluto. Eli sofre bullying, agressões diárias que só se tornam mais e mais violentas. Ele está acostumado, afinal acredita que não pode fazer nada sobre isso; ele só não contava com a intervenção de Jasmine, a garota nova.
"Tecnicamente, eu não o vi - eu o senti primeiro, senti sua música tocar a minha pele." 

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Resenha || O Colecionador de Memórias, de Cecelia Ahern

Novo Conceito, 2018 || 272 páginas || Skoob
Sinopse: Quando Sabrina Boggs tropeça em uma misteriosa coleção de bolinhas de gude que pertencia ao seu pai, percebe que não sabe nada sobre o homem com quem cresceu. É uma coleção valiosa e incomum – incomum se ela pensar no homem que sempre conheceu. No entanto, há algo real lá dentro, muito verdadeiro sobre seu pai, ou sobre a criança que ele fora. Sabrina só tem vinte e quatro horas para descobrir os segredos do homem que ela pensava conhecer. Um dia para exumar memórias, histórias e pessoas que não sabia existirem. Um dia que a mudará para sempre. Fazendo uma busca pelas memórias de seu pai, Sabrina persegue uma busca de identidade; os segredos que ela trará à tona irão mudar tudo o que dava por certo em sua vida. Mas se seu pai não é o homem que ela achou que fosse, quem é a própria Sabrina?  

RESENHA ✍

O Colecionador de Memórias é mais um livro da autora irlandesa Cecelia Ahern a chegar ao Brasil pela editora Novo Conceito, que publicou outros vários títulos seus, como P.S Eu Te Amo, Simplesmente Acontece e, um dos meus favoritos, Como Se Apaixonar. Cecelia é um das autoras contemporâneas mais vendidas nos gêneros drama e chick-lit. Impossível não se apaixonar e emocionar com seus romances!

Em O Colecionador de Memórias seremos apresentados a dois personagens, pai e filha. Fergus Boggs era apenas uma criança quando seu pai morreu e ele e sua família tiveram que se mudar para Londres, onde ele entrou em um colégio católico e sofreu nas mãos de um professor carrasco, e quando foi apresentado às bolinhas de gude, que se tornariam sua grande paixão e as quais colecionou ao longo dos anos.
"É porque, assim como a enluarada, você pode ver seu fogo ardendo por dentro, e isso, em qualquer pessoa ou qualquer coisa, é algo notável, para se guardar e preservar, pegar para observar, quando você sentir necessidade de se revitalizar, ou de se tranquilizar, talvez, quando o seu brilho interior tenha esmorecido e o fogo que há dentro de você parecer mais uma brasa apagando."

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Resenha || Os Imortalistas, de Chloe Benjamin

HarperCollins Brasil, 2018 || 320 páginas || Skoob
Sinopse: É 1969 no Lower East Side de Nova York e os rumores na vizinhança são sobre a chegada de uma mulher mística, uma vidente que se diz ser capaz de dizer a qualquer um qual será o dia de sua morte. As crianças Gold – quatro adolescentes que estão começando a conhecer a si mesmos – saem de casa sorrateiramente para saber sua sorte. As profecias informam as próximas cinco décadas de sua vida. Simon, o menino de ouro, escapa para a costa oeste, procurando por amor na São Francisco dos anos 80; a sonhadora Klara se torna uma ilusionista em Las Vegas, obcecada em misturar realidade e fantasia; Daniel, o filho mais velho, luta para se manter seguro como um médico do exército após o 9 de setembro; e Varya, a amante dos livros, se dedica a pesquisas sobre longevidade, nas quais ela testa os limites entre ciência e imortalidade. Um romance notavelmente ambicioso e profundo com uma brilhante história de amor familiar, Os imortalistas explora a linha tênue entre destino e escolha, realidade e ilusão, este mundo e o próximo. É uma prova emocionante do poder da literatura, da essência da fé e da força implacável dos laços familiares.  

RESENHA ✍

Os Imortalistas é o segundo romance publicado da autora Chloe Benjamin e desde o seu lançamento em 2018 está fazendo grande sucesso entre os leitores. A HarperCollins Brasil trouxe o livro ao país em uma edição incrível, capa dura e com um lindo projeto gráfico, apresentando na capa original a ilustração de uma Árvore da Vida, o método cabalista de explicar a criação do universo ou também hierarquizar o processo evolutivo do homem. E é sobre evolução que a autora vai falar ao abordar quatro irmãos.

Os Gold são crianças inteligentes que, no verão de 1969 em Nova York, aproveitam as férias da maneira que podem. Quando corre a notícia de que uma vidente está na cidade, eles juntam toda a mesada e vão juntos saber sua sorte, ou melhor: descobrir qual será o dia de sua morte. Na sala bagunçada da misteriosa mulher, eles já não têm ideia se querem mesmo aquela brincadeira, mas cada um sai de lá com sua própria data e, em suas mentes, o medo de que ela pode estar certa.

O livro é dividido em quatro partes, e em cada uma delas acompanhamos a vida dessa família.  Cada irmão tem uma personalidade, sonhos e esperanças, e cada um deles reage a sua maneira àquela tarde em que cada um saiu do apartamento da cartomante com uma data na cabeça. Como você reagiria ao saber a data exata da sua própria morte?
"Alguns mágicos dizem que a mágica despedaça nossa visão de mundo. Mas eu acho que a mágica é o que mantém o mundo inteiro. É matéria escura; é a cola da realidade, a argamassa que preenche os buracos entre tudo que sabemos ser verdade. E é preciso mágica para revelar quão inadequada a realidade é."

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Resenha || Garota-Ranho #1: Green Hair Don't Care, de Bryan Lee O'Malley +

Quadrinhos na Cia, 2018 || 136 páginas || Skoob
Sinopse: Do mesmo criador do fenômeno Scott Pilgrim, Garotaranho é uma das séries mais ousadas, engraçadas e espertas dos quadrinhos atuais. Lottie Person é uma blogueira de moda que vive uma vida absolutamente incrível — ou pelo menos é o que ela quer que você acredite. A verdade é que sua alergia está fora de controle, seu nariz não para de escorrer, o namorado a trocou por uma garota mais nova e é possível que ele tenha cometido um homicídio. Este é o primeiro volume do sensacional Garotaranho, de Bryan Lee O'Malley, criador de Scott Pilgrim, e da desenhista Leslie Hung.  

RESENHA ✍

Lottie Person é uma influente blogueira de moda que exibe uma vida perfeita nas redes sociais, mas que na realidade está bem longe da imagem que vende aos fãs. Com uma alergia implacável, ela está sempre fungando e com o nariz vazando; sem contar que o namorado de longa data, Sunny, lhe deu um belo pé na bunda, e pior! já está se exibindo com outra. Como se não bastasse, a nova namorada de Sunny é uma ex estagiária de Lottie, uma verdadeira Stalker.

Tem como piorar? Nossa blogueira ranhenta vai descobrir que sim, e muito. Depois de começar a tomar um novo medicamento para sua alergia e sair para a balada com a amiga nova, uma coisa muito estranha acontece. De uma hora para outra ela se vê no meio de uma cena de crime; um crime que ela mesma pode ter cometido.

terça-feira, 7 de agosto de 2018

Resenha || Um Vento à Porta, de Madeleine L'Engle | Uma Dobra no Tempo #2

HarperCollins Brasil, 2018 || 224 páginas || Skoob
Sinopse: Charles Wallace está em perigo. E o mundo todo também. Quando a família Murry pensava que os problemas haviam terminado, um novo desafio surge. Charles Wallace agora tem seis anos de idade e na escola o menino se tornou um problema. Sofrendo bullying constante, Meg acha que o novo diretor da escola deveria ser responsável pelo menino, mas Charles Wallace fica terrivelmente doente antes que ela possa ajudá-lo. Mas há algo estranho acontecendo. Charles Wallace diz a Meg que há dragões no quintal de casa e ela descobre que os dragões na verdade são Proginoskes, querubins feitos de asas, vento e chamas. E mais uma vez este é só o começo de uma nova aventura, onde Meg e seu amigo Calvin precisam correr contra o tempo para salvar seu irmãozinho. E, para fazer isso, eles devem partir em uma viagem para dentro do corpo do menino e lutar para restaurar a brilhante harmonia do universo. Junte-se a Meg, Calvin e Charles Wallace nesta nova aventura repleta de seres incomuns, mundos novos e muitos heróis que precisam ultrapassar seus medos para salvar o mundo!  

RESENHA ✍

Este é o segundo volume da série de ficção científica jovem adulta Uma Dobra no Tempo, publicado pela primeira vez na década de 1970, quando o gênero não era tão popular e os autores homens dominavam as publicações.

Depois de todas as emoções no primeiro volume, Um Vento à Porta apresenta mais uma aventura impossível protagonizada pela família Murry. Charles Wallace tem 6 anos e é um garoto pequeno e franzino para sua idade, e possui um QI altíssimo, mesmo que para os vizinhos e colegas de escola ele seja nada mais que um menino estranho e desajustado. Sofrendo um bullying constante e violento, Charles Wallace preocupa a irmã mais velha quando afirma ter visto dragões no quintal.

Meg Murry vai falar com o diretor do colégio (que a odeia) e tentar resolver as coisas para o irmão, que anda cada vez mais abatido, mas vai descobrir que a situação dele é mais difícil e perigosa do que parece. Os dragões estavam mesmo no quintal, e Charles Wallace está muito, muito doente. Ela terá que embarcar em uma nova missão, agora para salvar a vida da pessoa que ela mais ama e, de quebra, o mundo também.
“Não tente compreender com sua mente. Suas mentes são muito limitadas. Usem a intuição.”

domingo, 29 de julho de 2018

Resenha || A Tenda Vermelha, de Anita Diamant

Editora Verus, 2018 || 294 páginas || Skoob
Sinopse: Uma história extraordinária sobre a condição ancestral da mulher. Um livro emocionante que traz poderosas lições de amor, perdão e sororidade. O livro que deu origem à série da Netflix Seu nome é Dinah. Na Bíblia, sua vida é mencionada em um breve episódio no livro do Gênesis, nos capítulos sobre seu pai, Jacó. Narrado na voz de Dinah, este romance revela as tradições e as turbulências de ser mulher na antiguidade. A tenda vermelha era o lugar em que as mulheres se reuniam durante seus ciclos de nascimento e menstruação ou quando estavam doentes. Imaginando as conversas e os mistérios mantidos dentro dessa tenda exclusivamente feminina, Anita Diamant nos oferece um olhar privilegiado sobre a vida diária das quatro esposas de Jacó, mães de seus doze filhos homens, e sobre o convívio com sua única filha, Dinah. Com o resgate desse olhar feminino, conhecemos as fascinantes mulheres que sangraram, trocaram palavras, experiências e rituais na tenda vermelha. Em uma voz íntima e poética, Dinah sussurra histórias sobre suas quatro “mães”, Raquel, Lia, Zilpah e Bilah, que a inspiraram com seus traços femininos únicos. Conforme histórias permeadas de sensualidade, intuição e fortes emoções vão sendo narradas, descortina-se um mundo de caravanas, escravos, artesãos, príncipes, milagres e segredos femininos, até o momento em que Dinah mergulha em sua própria saga de paixão, traições e sofrimento.  

RESENHA ✍

A Tenda Vermelha é o local onde as mulheres descansam durante os dias de menstruação, convalescença e ao dar a luz. É um lugar exclusivo para mulheres, e as meninas só podem adentrar a tenda após o primeiro sangramento. Um lugar para conversas, para o privilégio do descanso e de contar histórias; e de estreitar as ligações com os deuses da saúde e da fertilidade.

Neste livro conhecemos Dinah, que na Bíblia é mencionada brevemente no capítulo sobre seu pai, Jacó, e ainda assim descrita apenas como uma vítima, seguido pela vingança de seus irmãos contra aquele que, segundo esses escritos, a desonrou. Mas a verdadeira história de Dinah está longe de se resumir apenas a esse episódio de tremenda crueldade; sua verdadeira história será agora contada, e nada melhor do que sua própria voz para expor tudo aquilo que viveu.
"Nós nos perdemos de vista por um tempo longo demais. Meu nome nada significa para você. Minha lembrança hoje é pó. (...) É de admirar que certas mães ainda assim tenham dado às filhas o nome de Dinah. Mas algumas o fizeram. Talvez tenham adivinhado que fui mais do que aquela nulidade sem voz própria que aparece no texto. Talvez tenham percebido isso na música de meu nome: a primeira vogal alta e clara como quando a mãe chama o filho ao entardecer; a segunda, suave como segredos sussurrados no travesseiro. Dinah."

sexta-feira, 13 de julho de 2018

Resenha || A Caçadora de Dragões, de Kristen Ciccarelli | Iskari #1

Editora Seguinte, 2018 || 398 páginas || Skoob
Sinopse: Primeiro volume de uma trilogia fantástica, em que dragões e humanos estão em guerra — e cabe a uma garota matar todos eles. Quando era criança, Asha, a filha do rei de Firgaard, era atormentada por sucessivos pesadelos. Para ajudá-la, a única solução que sua mãe encontrou foi lhe contar histórias antigas, que muitos temiam ser capazes de atrair dragões, os maiores inimigos do reino. Envolvida pelos contos, a pequena Asha acabou despertando Kozu, o mais feroz de todos os dragões, que queimou a cidade e matou milhares de pessoas — um peso que a garota ainda carrega nas costas. Agora, aos dezessete anos, ela se tornou uma caçadora de dragões temida por todos. Quando recebe de seu pai a missão de matar Kozu, Asha vê uma oportunidade de se redimir frente a seu povo. Mas a garota não vai conseguir concluir a tarefa sem antes descobrir a verdade sobre si mesma — e perceber que mesmo as pessoas destinadas à maldade podem mudar o próprio destino.  

RESENHA ✍

Neste livro vamos conhecer Asha, uma jovem que cresceu marcada por uma tragédia que transformou sua vida e a tornou uma caçadora de dragões muito temida. Quando ainda era uma garotinha, ela tinha pesadelos recorrentes; sua mãe, após inúmeras buscas por meios que pudessem ajudá-la, todos falhos, começou então a lhe contar histórias antigas sobre dragões, histórias essas há muito proibidas pelo pai da menina, o Rei-Dragão, que tinha o poder de destruir quem as contasse; Porém, percebendo que as histórias estavam ajudando com os pesadelos de sua filha, a mãe de Asha continuou contando-as, até que veio a falecer, vítima de uma doença fatal e misteriosa.

Ao crescer, Asha continua a contar as histórias ensinadas por sua mãe a si mesma pois sentia uma imensa necessidade de fazê-lo, até que em uma noite invoca um dragão muito antigo e perigoso chamado Kozu, e essa invocação causou uma desgraça imensa nos arredores do reino e transformou-a em uma jovem amargurada, que por ter sido queimada pelo fogo de tal dragão, passou a evitar o contato físico com as pessoas; depois do ocorrido, a garota ganhou o título de Iskari, nome que carrega uma história pesada, assim como sua própria alma corrompida. Toda essa sede de vingança e ódio mantém e sua missão constante de caçar dragões e agradar seu pai.
"Os heróis antigos eram chamados de namsara em homenagem ao amado deus. Mas sua filha seria iskari - como a deusa letal."

Resenha || Mulheres de Cinzas, de Mia Couto | As Areias do Imperador #1

Companhia das Letras, 2015 || 344 páginas || Skoob
Sinopse: Primeiro livro da trilogia As areias do Imperador, Mulheres de cinzas é um romance histórico sobre a época em que o sul de Moçambique era governado por Ngungunyane, o último grande líder do Estado de Gaza. Em fins do século XIX, o sargento português Germano de Melo foi enviado ao vilarejo de Nkokolani para participar da batalha contra o imperador que ameaçava o domínio colonial. Lá, ele encontra Imani, uma garota local de quinze anos que lhe servirá de intérprete. Enquanto um dos irmãos da menina lutava pela coroa de Portugal, o outro se uniu aos guerreiros tribais. Aos poucos, Germano e Imani se envolvem, apesar de todas as diferenças entre seus mundos. Porém, num país assombrado pela guerra dos homens, a única saída para uma mulher é passar desapercebida, como se fosse feita de sombras ou de cinzas.  

RESENHA ✍

Mulheres de Cinzas é o primeiro livro da trilogia As Areias do Imperador, do premiado escritor moçambicano Mia Couto. Esse foi o primeiro romance do autor que li, e não podia ter começado melhor! Esse livro se trata de uma ficção histórica, e nele conhecemos a incrível Imani.

No fim do século XX o sargento Germano Melo foi enviado ao vilarejo de Nkokolani, em Moçambique, em plena batalha do império contra o domínio colonial. Lá o português conhece Imani,  uma menina de 15 anos que foi designada como intérprete entre os portugueses e seu próprio povo.
"A guerra é uma parteira: das entranhas do mundo faz emergir um outro mundo. Não o faz por cólera nem por qualquer sentimento. É a sua profissão: mergulha as mãos no Tempo, com a altivez de um peixe que pensa que ele é que faz despontar o mar."

sexta-feira, 29 de junho de 2018

Resenha || LoveStar, de Andri Snaer Magnason

Editora Morro Branco, 2018 || 336 páginas || Skoob
Sinopse: LoveStar, o enigmático e obsessivo fundador das Corporações LoveStar, desvendou o segredo para transmitir informações em frequências emitidas por pássaros, finalmente libertando a humanidade de dispositivos e cabos, e permitindo que o consumismo, tecnologia e ciência tomem conta de todos os aspectos da vida diária. Agora, homens e mulheres sem fio são pagos para gritar propagandas para pedestres desavisados, enquanto o programa REGRET elimina todas as dúvidas sobre os caminhos não escolhidos. Almas gêmeas são identificadas e unidas através de um sistema altamente tecnológico. E enviar os mortos aos céus em foguetes se torna um símbolo de status e beleza, um show catártico para aqueles deixados para trás. Indridi e Sigrid, dois jovens amantes, têm seu mundo perfeito ameaçado, quando são calculados para outras pessoas e forçados a chegar a extremos para provar seu amor. Sua jornada os coloca em uma rota de colisão com LoveStar, que está em sua própria missão de encontrar o que pode vir a ser a última ideia do mundo.  

RESENHA ✍

Este é o segundo livro do premiado autor sueco Andri Snaer Magnason publicado no Brasil pela Editora Morro Branco. Seu primeiro livro, A Ilusão do Tempo, foi um sucesso de críticas e agora temos o prazer de adentrar novamente em um universo criado por essa mente genial.

A Ilusão do Tempo foi um dos melhores que li no último ano, então minhas expectativas com LoveStar não estavam nada baixas. Sabia o que esperar: uma trama única e criatividade a mil na construção do universo. Felizmente foi exatamente o que encontrei, e aproveitei cada hora que passei na leitura.

LoveStar é a mente por trás da criação das Corporações LoveStar, que há anos vem dominando todo o mundo com suas ações de marketing que são, no mínimo, bizarras. Ele encontrou uma forma de passar informações através de sinais sonoros emitidos por pássaros, e agora as pessoas já não precisam se preocupar com fios e máquinas, não exatamente os libertando do mundo virtual, mas elevando a um nível altíssimo o consumismo e a tecnologia.
“Uma ideia é um ditador. Sequestra o cérebro, põe sentimentos e memórias de lado, faz você ignorar amigos e relacionamentos e orienta você na direção de um único objetivo, o de lança-la no mundo.”

terça-feira, 12 de junho de 2018

Resenha || Mamãe & Eu & Mamãe, de Maya Angelou

Rosa dos Tempos, 2018 || 176 páginas || Skoob
Sinopse: Separados pela guerra, ligados pela memória: uma história envolvente e instigante no rastro da Segunda Guerra Mundial. Na Praga do pré-guerra, Lenka, uma jovem estudante de arte, apaixona-se por Josef, um médico recém-formado. Eles vivem cheios de ideais e de sonhos para o futuro, mas também são judeus e muito ligados à família. Casam-se, mas, pouco tempo depois, como tantas outras famílias, são separados pela guerra. As escolhas impostas pelo destino os afastam, mas deixam marcas permanentes: o caos e as informações truncadas dos tempos de guerra os levam a crer que o outro morre. Na América, Josef torna-se um obstetra bem-sucedido e constrói uma família, apesar de nunca esquecer a mulher que acredita ter morrido. No gueto de Terezín, Lenka sobrevive graças aos seus dotes artísticos e à memória de um marido que julgava nunca voltar a ver. Apesar de todas as provações e dos infortúnios, mantém a chama daquele primeiro amor acesa, guardada em seu coração. Da glamorosa vida em Praga antes da ocupação aos horrores da Europa nazista, Um Amor Perdido explora o poder do primeiro amor, a resiliência do espírito humano e a eterna capacidade de recordar.

RESENHA ✍

Esse é um livro autobiográfico da escritora e poetisa americana Maya Angelou, nascida no Missouri em 1928. Ela é autora de diversos livros, entre coleções de poesia, romances e ensaios, além de diversos volumes autobiográficos, como é o caso deste aqui. Esse foi meu primeiro contato com a Maya, apesar de já ter ouvido bastante sobre ela. Já estava na hora de conhecer sua escrita e, mais que isso, sua história. Pois, meus amigos, ela tem muito a contar!
"Vou cuidar de você e de qualquer pessoa que você disse que precisa de cuidados, da maneira como você disser. Estou aqui. Trouxe todo o meu ser até você. Eu sou a sua mãe."

quarta-feira, 30 de maio de 2018

Resenha || Um Amor Perdido, de Alyson Richman

Bertrand Brasil, 2018 || 336 páginas || Skoob
Sinopse: Separados pela guerra, ligados pela memória: uma história envolvente e instigante no rastro da Segunda Guerra Mundial. Na Praga do pré-guerra, Lenka, uma jovem estudante de arte, apaixona-se por Josef, um médico recém-formado. Eles vivem cheios de ideais e de sonhos para o futuro, mas também são judeus e muito ligados à família. Casam-se, mas, pouco tempo depois, como tantas outras famílias, são separados pela guerra. As escolhas impostas pelo destino os afastam, mas deixam marcas permanentes: o caos e as informações truncadas dos tempos de guerra os levam a crer que o outro morre. Na América, Josef torna-se um obstetra bem-sucedido e constrói uma família, apesar de nunca esquecer a mulher que acredita ter morrido. No gueto de Terezín, Lenka sobrevive graças aos seus dotes artísticos e à memória de um marido que julgava nunca voltar a ver. Apesar de todas as provações e dos infortúnios, mantém a chama daquele primeiro amor acesa, guardada em seu coração. Da glamorosa vida em Praga antes da ocupação aos horrores da Europa nazista, Um Amor Perdido explora o poder do primeiro amor, a resiliência do espírito humano e a eterna capacidade de recordar.

RESENHA ✍

Lenka é uma jovem estudante de arte na Praga pré-guerra; quando conhece Josef, o irmão mais velho de sua melhor amiga, Lenka se apaixonada perdidamente pelo rapaz. Recíproco, o amor que eles sentem um pelo outro só aumenta, e enquanto descobrem esse novo e arrebatador sentimento e a si mesmos, a Segunda Guerra Mundial se aproxima.

Com as dificuldades cada vez piores e o ar sufocante de um país prestes a ser invadido, eles se casam e planejam viajar até a América. Mas uma reviravolta inesperada faz com que Josef empreenda a viagem sozinho, deixando Lenka, e esse era seu desejo, para trás com toda sua família.

Na América Josef, não sem dificuldades, continua seus estudos na medicina. Em um campo de concentração, Lenka e sua família sofrem as mais crués humilhações e privações. Um acredita que o outro está morto. Décadas depois, eles se reencontram.

sexta-feira, 25 de maio de 2018

Resenha || Aos Dezessete Anos, de Ava Dellaira

Editora Seguinte, 2018 || 448 páginas || Skoob
Sinopse: Em seu novo romance arrebatador, a autora de Cartas de amor aos mortos apresenta uma mãe e uma filha que precisam compreender o passado para poder seguir em frente. Quando tinha dezessete anos, Marilyn viveu um amor intenso, mas acabou seguindo seu próprio caminho e criando uma filha sozinha. Angie, por sua vez, é mestiça e sempre quis saber mais sobre a família do pai e sua ascendência negra, mas tudo o que sua mãe contou foi que ele morreu num acidente de carro antes de ela nascer. Quando Angie descobre indícios de que seu pai pode estar vivo, ela viaja para Los Angeles atrás de seu paradeiro, acompanhada de seu ex-namorado, Sam. Em sua busca, Angie vai descobrir mais sobre sua mãe, sobre o que aconteceu com seu pai e, principalmente, sobre si mesma.

RESENHA ✍

Angie tem dezessete anos quando descobre uma fotografia entre as coisas de sua mãe; na foto, um casal aparentemente feliz curte um dia de sol. Seus pais. James, de quem herdou tantos traços. O pai que ela nunca conheceu e que morreu antes mesmo de ela nascer. Mas essa foi a história que sua mãe contou e Angie, depois de encontrar uma informação valiosa, acredita que ele pode estar vivo. Decidida a encontrar o pai e saber mais sobre a própria história, Angie e Sam, seu ex-namorado e melhor amigo, vão juntos até LA, a Cidade dos Anjos, lugar que há tantos anos fora o cenário de uma breve porém marcante história de amor.

Em paralelo conhecemos Marilyn quando tinha dezessete anos e, mais uma vez, se mudava com a mãe para uma nova vizinhança. E é nesse novo lugar que ela conhece James, por quem se apaixona. Tentando lidar com a pressão vinda da mãe para que ela se torne uma super modelo, ela encontra em James algo muito próximo da liberdade, e sente que sua vida pode finalmente começar a dar certo. O amor que sentem um pelo outro só aumenta, assim como os planos para o futuro. Até que uma noite muda tudo.
“Algumas feridas nunca vão fechar, nunca vamos aceitar algumas perdas. Mas é preciso deixar que isso tudo seja a força que te motiva, não uma desculpa pra não fazer nada.”