domingo, 15 de agosto de 2021

Bloqueio criativo na pandemia (ou sobre estar cansado de tudo)

Ainda tem alguém aí? Espero que sim. Se for novo por aqui, seja bem-vindo e bem-vinda.

Hoje venho escrever sobre algo que vem me incomodando imensamente: o bloqueio criativo que veio de brinde com a pandemia. Ou será que ele já estava aqui antes? O ponto é que não consigo produzir; não consigo organizar minhas ideias na minha mente, sentar e escrever um artigo acadêmico, como quero. São centenas de ideias que passam pela minha cabeça diariamente, mas de onde tirarei energia para por tudo em prática? Qual incentivo nós temos para isso?

Com o bloqueio criativo vem a famigerada procrastinação, palavra longa que faz um grande estrago. Mas por que a procrastinação tem que ser algo tão negativo no momento que estamos vivendo? Estamos no meio do caos. Não podemos abraçar o caos e parar de insistir no que não funciona? Podemos. Mas será que devemos jogar nossas ideias no ar e fingir que nunca existiram?

Eu passo horas, literalmente horas do meu dia no celular, nas redes sociais. Produzindo um total de zero coisas e apenas consumindo conteúdos repetitivos de novo e de novo. Escrevo uma ou duas (ou nenhuma) resenha por semana, quando consigo ler. Isso é ser produtivo? Eu poderia estar escrevendo dois artigos, ou um livro, ou mais posts para esse blog abandonado que quase ninguém lê. Mas o que eu estou fazendo? Divagando. Não consigo fazer mais que isso. 

Estou cansada demais para participar da corrida desenfreada para ser a melhor em n coisas. O que eu quero de fato? Quero mesmo sentar e escrever artigos? Talvez. Queria mesmo era ser paga para ler e escrever sobre o que leio, já que ler é meu refúgio, mesmo no meio de uma ressaca literária. Mas isso é assunto para outro post.

Não quero ser clichê. É mais um desabafo de uma pessoa realmente cansada, exausta, exaurida, drenada. Uma pessoa que se compara um tanto demais com as outras. Uma pessoa de 23 anos que ainda não tem um rumo certo. Quem tem?

Espero não desmotivar vocês! Toda ideia é válida e todo esforço também. Mesmo a passos de tartaruga estamos chegando a algum lugar. Vamos aproveitar a vista e seguir em frente. Algumas crises de choro no meio com playlists tristes para dar um ar dramático são válidas.

Um abraço,
Gaby.
@retratodaleitora

segunda-feira, 16 de março de 2020

Resenha || A Angústia e o Ser: poemas e contos sobre uma dor ainda não nomeada, de Israel Villar

Amazon, 2020 || 112 páginas || Skoob
Sinopse:"A angústia e o Ser" é um livro dedicado a todas as pessoas que já experienciaram ou experienciam algum tipo de sofrimento, no qual a alma e a mente são profundamente afetadas. Ele é um corpo em febre, sozinho, em meio à escuridão da noite; ele grita e geme de dor, você o ouve? Você o entende? O que ele te diz? Este livro é a personificação da dor, da angústia e do vazio humano. Cuidado.


RESENHA ✍

“A Angústia e o Ser” é um livro para quem sente muito. Uma leitura para quem sente tanto, e tão profundamente, que pode se perder numa enorme angústia e em sentimentos difíceis de descrever; sentimentos estes que o escritor brasileiro Israel Villar tão sensivelmente aborda nos poemas e contos que compõem esse que é seu primeiro livro publicado (disponível em e-book na Amazon). Os textos presentes no livro são ainda acompanhados por ilustrações (por Filipe Costa de Souza) que também carregam muito da dramaticidade, da solidão e vazio que permeiam a obra.
Escrevo porque me parece mais humano que o próprio ato de respirar. É uma necessidade primária. Se não escrevo, nego-me a mim mesmo, que também sou outro, enquanto o outro me é desavisadamente, e nego-me à vida.
Quem nunca sentiu tanto e de tal forma que nada nem ninguém parecia capaz de explicar ou abrandar as emoções? E o quão importante é poder contar com algo que, nessas horas, sirva de consolo? Eu sempre busco a literatura para tentar me compreender melhor; os livros certos, lidos em momentos específicos, conversam com o leitor. Eles, de certa forma, podem ser como abraços, ao nos identificarmos intensamente com personagens e situações narradas. Acredito ser impossível ler esse livro e sair ileso. Tenho certeza que as palavras vão tocar aqueles leitores que procuram por textos que entregam exatamente o que prometem: e neste encontrarão poemas e contos sobre dores profundas da alma, sobre a angústia de se viver lutando para aguentar mais um pouco, para que algo se mostre o suficiente para continuar, para se agarrar.
Esse mal do qual sofro, que planta em meu peito um sentimento comprimido de um profundo pesar: há dias que penso ser o último de minha vida, mas de minuto em minuto eu vou me equilibrando entre o medo e o desejo de não sentir mais dor, e ao fim do dia ainda me encontro vivo.
Foi uma leitura envolvente, por vezes sufocante de tão real. Os contos foram meus textos favoritos no livro, não desmerecendo a beleza presente na poesia do escritor, mas me identifiquei mais com sua prosa. O último conto, “Flores noturnas:...”, foi dos cinco o que mais me provocou. Adorei conhecer as personagens Clarisse e Virgínia. Deixo o alerta de se tratar de um livro muito intenso, triste, e os temas aqui descritos podem ser gatilhos emocionais: morte, depressão e suicídio. Contém também, em todos os contos: personagens no limite da emoção. Leiam em doses homeopáticas :)

Fica aqui minha recomendação de mais um livro nacional disponível na Amazon. Vamos conhecer e ler mais da nossa literatura! Para fechar a resenha, fica um poema retirado da obra, para que tenham um gosto do que encontrarão:

Poema XXIV

Quantas palavras, a sangue, já usei
Buscando, sem fôlego, comunicar
Esse vazio, o qual um dia acreditei
Que o tempo se encarregaria de curar?!

Mas… há algo!... não sei, não sei…
Algo que, se me  calo, vem sufocar.
A palavra-silêncio que ainda não tentei:
Quem sabe a dor eu consiga abarcar.

Inspiro, exausto, a vida de uma só vez,
Já não há tempo para me adiar
Atio a primus palavra que em’im se fez
E sinto-a em meu peito se enraizar.

Vou, assim, costurando o que a Dor desfez,
Porém, sinto-me algo a escapar:
Deparo-me novamente com a mudez
Das minhas palavras a fraquejar.

Pois o que se pretende descrever
Parece de tamanho sempre aumentar.



Link para adquirir o livro na Amazon: https://amzn.to/3aEcYfz

Boa leitura!

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Resenha || A Fúria e outros contos, de Silvina Ocampo

Companhia das Letras, 2019 || 224 páginas || Skoob
Sinopse: Os contos de Silvina Ocampo ― monstruosos, insólitos, perturbadores, sinistros, irreais ― são o tesouro mais bem guardado da literatura latino-americana do século XX. Finalmente vemos chegar ao Brasil um livro de Silvina Ocampo, que está entre os escritores mais surpreendentes e intensos do continente. Publicado em 1959, A fúria é considerado “o mais ocampiano” dos livros de Silvina, obra em que a autora encontra sua voz única e inaugura seu universo alucinado. Revalorizada com entusiasmo nos últimos anos, a literatura de Silvina Ocampo é singular, complexa, envolvente e nos convida, como poucas, à fantasia e à imaginação.  

RESENHA ✍

Depois de ler os contos presentes em A Fúria eu senti imediatamente uma vontade imensa de procurar saber mais sobre quem foi Silvina Ocampo. Encontrei um ótimo artigo de Mariana Enriquez (autora de As Coisas que Perdemos no Fogo, que é maravilhoso), explicando um pouco quem realmente foi essa escritora argentina, seu comportamento que despertava tanta curiosidade na época (principalmente sobre seu casamento aberto com Bioy Casares). Eu já tinha lido os contos antes de pesquisar sobre sua vida, mas fazer isso me ajudou a compreender melhor essas narrativas tão estranhas.
“Somos um compêndio de contradições, de afetos, de amigos, de mal-entendidos – me dia Elena. Certamente pensando em mim, acrescentava: ¬– Somos monstros (...). Somos também o que as pessoas fazem de nós. Não amamos as pessoas pelo que são, e sim pelo que nos obrigam a ser” (trecho retirado do conto ‘A Continuação’, um dos meus favoritos).
Os contos de Silvina trazem um estranhamento que perdura durante todas as 224 páginas que compõem o livro, aumentando conforme vamos adentrando histórias espetaculares, finais abertos, personagens bizarros e acontecimentos imprevisíveis. O imprevisível, de fato, é personagem presente em todas essas histórias

"Nos seus contos há algo que não consigo compreender: um estranho amor por certa crueldade inocente e oblíqua" disse Jorge Luis Borges (seu velho amigo) sobre seu estilo.

E há mesmo algo de inacreditável, algo de estranho (Silvina foi uma mulher considerada estranha), algo entre personagens que chegam e parecem inocentes, mas a crueldade e a ousadia logo se apossam deles. Silvina foi uma escritora ousada, desafiadora, e seus contos traduzem sua personalidade única. Está aí alguém que eu gostaria de ter conhecido!
“(...) pois nem todos os seres são lúcidos, nem capazes de ler o destino nos signos que diariamente surgem ao redor de si” (conto ‘Carta perdida em uma gaveta’).
O conto “A Fúria” que dá título ao livro também foi um dos meus favoritos, entre vários outros.

Entendi tudo o que li? Acho que não. Acho que é desses livros que se transformam a cada releitura. Recomendo muito para leitores de realismo mágico e narrativas absurdas. Conheçam a senhora Ocampo.

Resenha publicada originalmente em nosso instagram: https://www.instagram.com/mydearvangogh/

sábado, 5 de outubro de 2019

Resenha || Rudá, de Kelly Hamiso

Editora Coerência, 2019 || 264 páginas || Skoob
Sinopse: Marcos é um homem inteligente, bonito e bem-sucedido. Com apenas trinta e cinco anos, ocupa a cadeira da vice-presidência da construtora Costa Barreto, o que lhe custou alguns sacrifícios pessoais: é divorciado e mal conhece seu filho. Viciado em trabalho e em tecnologia, o jovem executivo segue com sua vida apesar das perdas, até que sua rotina estressante e seus vícios urbanos se mostram capazes de ser fatais. Após a suspeita de um infarto, Marcos e o filho Arthur são obrigados a passar trinta dias na fazenda Arumã sem internet e sem celular. Em um cenário paradisíaco com pessoas marcantes e seres mitológicos, o empresário se vê diante de um novo mundo. Além de enfrentar a abstinência e as barreiras culturais, terá de encarar Eva, uma mulher de personalidade forte que não abaixa a cabeça para ninguém. Aos poucos, ele vai percebendo que essa realidade tem o potencial de lhe apresentar um novo sentido para o amor e a paternidade, restando-lhe escolher: voltar para sua antiga rotina ou mudar drasticamente seu estilo de vida? 

RESENHA ✍

Há muito tempo um romance não me prendia tanto a atenção, me emocionava e divertia tanto. Kelly Hamiso já é uma autora favorita, que me arrebatou totalmente com seus livros Morgenstern e Padma, ambos com resenha aqui no blog. Depois de duas experiências fantásticas de leitura, não podia esperar menos desse lançamento, tão aguardado por mim; então claro que fiquei encantada ao ser convidada a ler Rudá em primeira mão, e mais ainda com um convite mais que especial feito pela autora: eu escreveria um comentário que sairá na obra impressa. Imaginem minha felicidade! Além de prestigiar o mais novo livro de uma escritora tão querida eu teria a oportunidade de ter minhas palavras impressas na cópia finalizada, pela primeira vez na minha história de blogueira! Mas chega de enrolação e vamos à resenha!

Neste livro conhecemos Marcos, um homem bonito e muito bem-sucedido que batalhou desde cedo para conquistar tudo o que possui, inclusive seu lugar como vice-presidente da construtora Costa Barreto. Mas esse homem de sucesso também perdeu muita coisa enquanto olhava para a tela do celular, ou enquanto esperava pela próxima reunião ou viagem a negócios; perdeu momentos especiais com o filho, Arthur, e com sua mulher, que resolveu pedir divórcio depois de tanto tempo vendo o marido colocar o trabalho na frente de tudo.

Viciado em tecnologia e um workaholic, Marcos tem um ataque depois de um grande estresse e vai parar no hospital, onde suspeitam de infarto. Para se recuperar depois de tamanho susto, sua chefe insiste para que ele vá passar 30 dias em sua fazenda, no interior de Goiás, longe dos estresses que deterioraram sua saúde, sem celular, trabalho ou qualquer contato com a cidade grande. Assim, Marcos e Arthur partem para o lugar, sem ter ideia das surpresas que a fazenda Arumã lhes reserva. Arumã é um lugar paradisíaco, calmo, diferente de tudo o que pai e filho vivem na cidade grande, e o choque de realidade é quase demais para eles, que passam os primeiros dias se escondendo de tudo e todos.

Mas Arumã tem seus segredos, seus mitos, sua magia.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Resenha || Maria Stuart, de Stefan Zweig

José Olympio, 2018 || 364 páginas || Skoob
Sinopse: Cheio de intrigas e reviravoltas políticas, Maria Stuart é um excelente retrato biográfico. Maria Stuart é uma obra biográfica da autoria do notável escritor Stefan Zweig sobre a rainha da Escócia (1542-1587), também rainha consorte de França entre 1559-60 e pretendente ao trono inglês, enquanto descendente de Henrique VII. Condenada por traição e presa durante 22 anos por ordem de sua prima Elizabeth I, rainha de Inglaterra, Maria Stuart ascendeu ao trono ainda criança e viveu uma vida repleta de intrigas políticas, romances destrutivos e diferenças irreconciliáveis. Nesta edição com tradução de Lya Luft, Zweig traça um perfil psicológico da protagonista, transformando essa biografia em uma espécie de thriller, e apresenta Maria como uma mulher forte e determinada para sua época, que criou seu próprio destino.  

RESENHA ✍

Maria Stuart foi uma rainha de vários tronos, de personalidade forte, inquieta e fascinante, que encantou poetas por todo o mundo enquanto reinava majestosamente, e que até hoje seduz escritores e historiadores pelos mistérios que sua trajetória carrega. Maria Stuart viveu intensamente. Foi rainha da Escócia (1542-1587); rainha consorte da França (1559-60) e descendente de Henrique VII, e por isso pretendente ao trono inglês.

Só a cobertura desse período já seria suficiente para uma biografia, mas a história de Maria Stuart vai além de sua corona, reinos e tronos. Aqui, Stefan Zweig vai além e faz um retrato mais profundo de quem foi realmente essa rainha, sua trajetória, impetuosidade e os caminhos que a levaram a prisão por traição pelas mãos de sua prima, Elizabeth I, onde ficou por 22 anos antes de ser executada.
"Numa idade em que outras apenas começam a desejar, esperar e cobiçar, ela já passou por todas as possibilidades de triunfo, sem tempo nem esforço para assimilar tudo isso. É nessa precipitação de seu destino que termina também o segredo de sua inquietação e insatisfação: quem foi tão cedo a primeira em um país e um mundo jamais poderá se contentar com uma vida mais modesta. Só naturezas fracas renunciam e esquecem, as fortes não se dobram e desafiam para a luta até o destino mais forte."
Essa é uma biografia detalhada, escrita como um romance, com ares de ficção. Na sinopse é comparado com um thriller, uma vez que o autor usa de alguns artifícios do gênero para manter um suspense em sua narrativa, mesmo sendo essa biográfica.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

2019 | Livros desejados + Economizando na compra de livros na internet


Olá, leitores! Tudo bem por aí? Uma das minhas metas para 2019 é economizar mais, gastar menos e me dedicar a projetos que estão há tempo demais na gaveta. Quero que esse seja um ano de muitas leituras, mas também um ano de economia quando o assunto é comprar livros, já que preciso diminuir a pilha de não lidos da estante. A lista de desejados não para de crescer, e separei alguns títulos que desejo adquirir nos próximos meses.


           Se a rua Beale falasse As Alegrias da Maternidade Os diários de Sylvia Plath

  • Se a Rua Beale Falasse
  • As Alegrias da Maternidade
  • Os Diários de Sylvia Plath (1950 - 1962) 
Todos esses três livros são prioridade nas minhas próximas compras de 2019; e eles não são assim tão baratos... na verdade o preço desses títulos é um pouco salgado, e sei que terei que garimpar bastante e comparar os preços nas lojas antes de finalmente adquiri-los.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Resenha || Filha da Fortuna, de Isabel Allende

Bertrand Brasil, 2018 || 378 páginas || Skoob
Sinopse: Edição com nova capa de um dos maiores clássicos da autora do best-seller A casa dos espíritos. Abandonada ainda bebê no Chile do século XIX, Eliza Sommers foi criada por uma prestigiosa família inglesa em Valparaíso, onde se apaixonou por Joaquín Andieta, um dos empregados do tio adotivo. A descoberta de ouro na Califórnia em 1849 mobiliza metade do país, que não hesita em içar velas e correr atrás da fortuna — inclusive Joaquín, que lhe promete um casamento tão logo volte com os bolsos cheios de ouro. Mas Eliza não está disposta a esperar e parte clandestinamente para a Califórnia em busca de seu amado. Viajando escondida no porão de um veleiro na companhia de homens e mulheres atraídos pela febre do ouro, a jovem conhece Tao Chi'en, um médico chinês que a conduz por uma inesquecível jornada pelos mistérios e contradições da condição humana. Retrato vibrante de uma época marcada pela violência e pela cobiça, Filha da fortuna é um livro sobre a redescoberta do amor, da amizade, da compaixão e da coragem, e é povoado de personagens que ficarão para sempre na memória e no coração dos leitores.  

RESENHA ✍

Filha da Fortuna é um clássico da autora chilena Isabel Allende,  um dos nomes mais reconhecidos e aclamados da literatura em língua espanhola e vencedora de diversos e importantes prêmios, como Hans Christian Andersen em 2012 por sua série As Aventuras da Águia e do Jaguar, também publicada pela Bertrand Brasil. Meu primeiro contato com o trabalho da escritora foi pelo seu romance mais conhecido, A Casa dos Espíritos, que li e resenhei em 2018 (aqui). O estilo da autora é emaranhar suas narrativas a fatos históricos; suas tramas tendem a ser mais descritivas por isso.

Filha da Fortuna foi uma leitura extraordinária. Comecei o livro com poucas expectativas, confesso, mas fui arrebatada e surpreendida pelo que encontrei aqui. Uma trama também repleta de detalhes e fatos históricos sobre o Chile e a Califórnia (como também outros lugares, mas com enfoque nesses dois) de 1843 a 1853.

Aqui encontramos não só uma aventura com personagens intensos, grandes amores e perdas, mas mergulhamos em uma história que, a cada capítulo, cresce e se transforma, apresentando personagens e suas histórias, trágicas e infelizes; sobre romances interrompidos, improváveis e, acima de tudo, transformadores.
"Aquilo que esquecemos é como se não houvesse acontecido, mas muitas eram as suas lembranças, reais ou ilusórias, e assim, para ela, foi como viver duas vezes."

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Resenha || Moxie, de Jennifer Mathieu

Verus, 2018 || 288 páginas || Skoob
Sinopse: Vivian Carter está cansada. Cansada da direção da escola, que nunca acha que os jogadores do time de futebol estão errados. Cansada das regras de vestuário machistas, do assédio nos corredores e dos comentários babacas dos caras durante a aula. Mas, acima de tudo, Viv está cansada de sempre seguir as regras. A mãe de Viv era dura na queda, integrante das Riot Grrrls nos anos 90. Inspirada por essas histórias, Viv pega uma página do passado da mãe e cria um fanzine feminista que distribui anonimamente para as colegas da escola. É só um jeito de desabafar, mas as garotas reagem. Logo Viv está fazendo amizade com meninas com quem nunca imaginou se relacionar. E então ela percebe que o que começou não é nada menos que uma revolução feminista no colégio.  

RESENHA ✍

Vivian Carter está cansada do sistema injusto em sua escola; das mesmas ofensas gratuitas que os "valentões" fazem contra as garotas. Ela está cansada há muito tempo, mas não sabe o que fazer. Enquanto isso, ela continua ouvindo as grosserias, os comentários machistas e a violência que é completamente ignorada pelo diretor. Afinal, é uma cidade pequena, e ali o que reina mesmo é o futebol, os jogadores e  a vontade dos mesmos.

Inspirada pela caixa que encontra com memórias da juventude rebelde da mãe, que foi integrante do grupo Riot Grrrls, grupo feminista que nunca deixaria absurdos assim passarem sem fazer algo para mudar, Viv resolve fazer alguma coisa, e em anonimato ela cria uma fanzine (jornais de pequena circulação), e aí surge a MOXIE, onde ela vai expor os problemas da escola e incentivar as outras garotas a se unir contra as injustiças e o assédio no lugar.

Não demora muito para que a Moxie comece a gerar burburinho na escola, e de repente Viv está fazendo amizades com meninas que nunca falou antes, descobrindo muito sobre o movimento feminista e as personalidades mulheres que lutam e lutaram tanto pela causa. Logo, as meninas estão se unindo, fazendo sua vozes serem ouvidas, mesmo quando os líderes do colégio tentam abafar cada caso, para não prejudicar os garotos. Elas estão cansadas do silêncio. As Moxie jamais abaixarão a cabeça novamente, gostem eles ou não.