quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Resenha || Moxie, de Jennifer Mathieu

Verus, 2018 || 288 páginas || Skoob
Sinopse: Vivian Carter está cansada. Cansada da direção da escola, que nunca acha que os jogadores do time de futebol estão errados. Cansada das regras de vestuário machistas, do assédio nos corredores e dos comentários babacas dos caras durante a aula. Mas, acima de tudo, Viv está cansada de sempre seguir as regras. A mãe de Viv era dura na queda, integrante das Riot Grrrls nos anos 90. Inspirada por essas histórias, Viv pega uma página do passado da mãe e cria um fanzine feminista que distribui anonimamente para as colegas da escola. É só um jeito de desabafar, mas as garotas reagem. Logo Viv está fazendo amizade com meninas com quem nunca imaginou se relacionar. E então ela percebe que o que começou não é nada menos que uma revolução feminista no colégio.  

RESENHA ✍

Vivian Carter está cansada do sistema injusto em sua escola; das mesmas ofensas gratuitas que os "valentões" fazem contra as garotas. Ela está cansada há muito tempo, mas não sabe o que fazer. Enquanto isso, ela continua ouvindo as grosserias, os comentários machistas e a violência que é completamente ignorada pelo diretor. Afinal, é uma cidade pequena, e ali o que reina mesmo é o futebol, os jogadores e  a vontade dos mesmos.

Inspirada pela caixa que encontra com memórias da juventude rebelde da mãe, que foi integrante do grupo Riot Grrrls, grupo feminista que nunca deixaria absurdos assim passarem sem fazer algo para mudar, Viv resolve fazer alguma coisa, e em anonimato ela cria uma fanzine (jornais de pequena circulação), e aí surge a MOXIE, onde ela vai expor os problemas da escola e incentivar as outras garotas a se unir contra as injustiças e o assédio no lugar.

Não demora muito para que a Moxie comece a gerar burburinho na escola, e de repente Viv está fazendo amizades com meninas que nunca falou antes, descobrindo muito sobre o movimento feminista e as personalidades mulheres que lutam e lutaram tanto pela causa. Logo, as meninas estão se unindo, fazendo sua vozes serem ouvidas, mesmo quando os líderes do colégio tentam abafar cada caso, para não prejudicar os garotos. Elas estão cansadas do silêncio. As Moxie jamais abaixarão a cabeça novamente, gostem eles ou não.


"Feminista. Não é uma palavra ruim. Depois de hoje, talvez tenha se tornado a minha favorita. Significa garotas apoiando outras garotas. Garotas que querem ser tratadas como seres humanos em um mundo que sempre encontra maneiras de dizer que elas não são isso."
Moxie é um livro inteligente e bem elaborado que vai abordar a resistência feminina de forma didática, de fácil compreensão, focando no poder da voz que começa revoluções quando se junta com outras vozes, causando cada vez mais barulho; e também na revolução de dentro, que acontece quando algo novo é apresentado e aquilo simplesmente muda tudo, a forma como se vê o mundo a sua volta e as possibilidades que se apresentam para mudá-lo.

Queria muito ter feito essa leitura no ensino médio. Sei que teria me ajudado a enfrentar tudo aquilo (escola não é fácil), me inspirado a usar minha voz para fazer algo. Por isso Moxie, com sua linguagem simples e acessível, é uma leitura que recomendo muito a jovens leitoras.


Entretanto, tenho uma ressalva: o romance que se desenvolve aqui. Levando em conta a idade da protagonista e o gênero do livro, não foi uma surpresa vê-la se interessar romanticamente por alguém, mas a forma como isso surgiu foi abrupta, rápida demais, e não gosto de instalove. Acho que tirou o foco do que realmente importava ali, tanto o movimento Moxie como a amizade entre as personagens.

De qualquer forma, esse foi só um ponto negativo (para mim) entre tantos outros positivos, como a imersão da própria protagonista no movimento feminista, suas descobertas musicais, artísticas e históricas, apresentadas por amigas e pela própria mãe.

Vale muito a pena a leitura! Quero sair recomendando e emprestando a todas as garotas que conheço, e farei isso :)

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