domingo, 29 de julho de 2018

Resenha || A Tenda Vermelha, de Anita Diamant

Editora Verus, 2018 || 294 páginas || Skoob
Sinopse: Uma história extraordinária sobre a condição ancestral da mulher. Um livro emocionante que traz poderosas lições de amor, perdão e sororidade. O livro que deu origem à série da Netflix Seu nome é Dinah. Na Bíblia, sua vida é mencionada em um breve episódio no livro do Gênesis, nos capítulos sobre seu pai, Jacó. Narrado na voz de Dinah, este romance revela as tradições e as turbulências de ser mulher na antiguidade. A tenda vermelha era o lugar em que as mulheres se reuniam durante seus ciclos de nascimento e menstruação ou quando estavam doentes. Imaginando as conversas e os mistérios mantidos dentro dessa tenda exclusivamente feminina, Anita Diamant nos oferece um olhar privilegiado sobre a vida diária das quatro esposas de Jacó, mães de seus doze filhos homens, e sobre o convívio com sua única filha, Dinah. Com o resgate desse olhar feminino, conhecemos as fascinantes mulheres que sangraram, trocaram palavras, experiências e rituais na tenda vermelha. Em uma voz íntima e poética, Dinah sussurra histórias sobre suas quatro “mães”, Raquel, Lia, Zilpah e Bilah, que a inspiraram com seus traços femininos únicos. Conforme histórias permeadas de sensualidade, intuição e fortes emoções vão sendo narradas, descortina-se um mundo de caravanas, escravos, artesãos, príncipes, milagres e segredos femininos, até o momento em que Dinah mergulha em sua própria saga de paixão, traições e sofrimento.  

RESENHA ✍

A Tenda Vermelha é o local onde as mulheres descansam durante os dias de menstruação, convalescença e ao dar a luz. É um lugar exclusivo para mulheres, e as meninas só podem adentrar a tenda após o primeiro sangramento. Um lugar para conversas, para o privilégio do descanso e de contar histórias; e de estreitar as ligações com os deuses da saúde e da fertilidade.

Neste livro conhecemos Dinah, que na Bíblia é mencionada brevemente no capítulo sobre seu pai, Jacó, e ainda assim descrita apenas como uma vítima, seguido pela vingança de seus irmãos contra aquele que, segundo esses escritos, a desonrou. Mas a verdadeira história de Dinah está longe de se resumir apenas a esse episódio de tremenda crueldade; sua verdadeira história será agora contada, e nada melhor do que sua própria voz para expor tudo aquilo que viveu.
"Nós nos perdemos de vista por um tempo longo demais. Meu nome nada significa para você. Minha lembrança hoje é pó. (...) É de admirar que certas mães ainda assim tenham dado às filhas o nome de Dinah. Mas algumas o fizeram. Talvez tenham adivinhado que fui mais do que aquela nulidade sem voz própria que aparece no texto. Talvez tenham percebido isso na música de meu nome: a primeira vogal alta e clara como quando a mãe chama o filho ao entardecer; a segunda, suave como segredos sussurrados no travesseiro. Dinah."
Mas para contar sua história, primeiro Dinah compartilha a história de suas mães. Filha de Lia, segunda esposa de Jacó, ela tem ainda três mulheres que a criaram, as quais também considera suas mães: Raquel, Zilpah e Bilah. Ela explora os acontecimentos mais intensos da vida dessas quatro mulheres de forma íntima e marcante; suas dores, intuições, seus partos e sua força em um ambiente dominado por homens brutos e ignorantes. Sua sobrevivência.


É uma história emocionante e muito bem escrita, que nos leva a uma época distante e sofrida, principalmente para as mulheres. É uma trama de segredos, milagres e paixão, mas também de muito sofrimento e traições dentro da família. Esses personagens mudam e se transformam várias e várias vezes.
"Não tenho certeza se minhas lembranças mais antigas são minhas de verdade porque, quando me vêm à mente, sinto a respiração de minhas mães em cada palavra."
Anita Diamant fez um ótimo trabalho ao resgatar essas personagens dos escritos masculinos da bíblia e apresentá-las sob novas e intensas luzes. Acompanhamos Dinah, em primeira pessoa, desde seu nascimento, a única filha de Jacó depois de muitos irmãos, até o dia de sua morte, e todas as provações e perdas que enfrentou no caminho.

De todo foi uma leitura fluida e cativante, apesar de em alguns momentos ter ficado um pouco perdida diante de tantos nomes, ligações e mudanças de tempo e espaço no livro; e isso exige uma atenção a mais do leitor. Estou muito feliz por ter finalmente realizado a leitura e também com tudo o que encontrei aqui. Foi uma experiência fantástica! :)

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