segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Resenha || Bagageiro, de Marcelino Freire

José Olympio, 2018 || 160 páginas || Skoob
Sinopse: Bagageiro, no Recife, é onde se leva todo tipo de coisa em cima da bicicleta: mercadoria, botijão de gás, criança etc. Neste Bagageiro, encontramos uma coletânea de pequenas histórias, entremeadas por comentários – por vezes mordazes – sobre a escrita, o país, o mundo, a vida literária e não literária. Classificados pelo autor como “ensaios de ficção”, os textos reunidos nesta obra fazem parte de um gênero atípico, misturando críticas à realidade, toques de humor sagaz e prosa poética, tudo isso com o estilo único e brilhante de Marcelino Freire.  

RESENHA ✍

Bagageiro foi um livro que já me chamou atenção pelo título; depois, lendo sobre o autor, descubro que Marcelino é pernambucano, como eu, e a vontade de ler esse livro só intensificou. Se você pesquisar no Google o significado da palavra bagageiro vai encontrar a seguinte definição: Bagageiro 1. que ou o que transporta bagagens. Em Recife, bagageiro é "onde a gente leva tudo, de carona, em cima da bicicleta. Botijão de gás, criança, bomba atômica" (citando a orelha do livro).

Quem é de Pernambuco visualiza logo um bagageiro lotado de tralhas em cima da bicicleta, que passa avexada nos quebra-mola quase derrubando tudo que, quase sempre, se equilibra amarrado com uma corda fina ou mesmo umas voltas de barbante, na base da fé e da confiança em quem está levando aquilo.

Bagageiro é um livro que também traz muita coisa em poucas páginas, pouco espaço. São 17 ensaios em pouco mais de 150 páginas, ou como diz o autor "esta foi uma obra de ficção. Embora tenha sido um livro de ensaios". É difícil definir os textos que o autor nos apresenta aqui; alguns são formados de trechos, frases curtas e recortes; outros são puro diálogo... Mas todos carregam sentimento, emoção, reflexão, nostalgia, críticas sociais, homenagens, arte e literatura simples e bela.
"A poesia ajudou a multiplicar. Somos falidas para outras riquezas, compreendem a beleza? A gente sabe onde fica o chão do nosso lugar. A arte faz isso. Recupera. Não é essa demência que querem nos vender. De que a arte não serve, a arte é para vagabundos. Bêbados. Eu só bebo água da boa, que cai ali, sem engarrafar. Vivo com o tempo que o tempo me dá. E eu me sento, plena, se depender de mim todo dia triunfa um poema."


Esse foi meu primeiro contato com a escrita do Marcelino Freire, vencedor do prêmio Machado de Assis da Biblioteca Nacional com o livro Nossos Ossos, publicado pela editora Record em 2013, e um Prêmio Jabuti por Contos Negreiros (Record, 2005). Agora que já abri meu caminho pelas obras do autor, quero ler tudo dele.
"E já nem sei por que estou aqui, hoje, me defendendo. É só para ficar registrado em algum canto. Em algum voo de folha, pássaro. No tempo, no fundo do esquecimento. Enquanto houver poesia no mundo, podem apostar, fiquem vocês sabendo, eu estarei lá dentro.
Eu estarei lá."
Queria falar de cada um dos textos, mas tiraria a graça da coisa. Gostei muito da experiência de leitura, e é certamente um livro que recomendo e que irei emprestar aos amigos, temos que ler, apreciar e divulgar a literatura de nossa terra, do nosso canto no mundo. Leiam! 

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