quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Resenha || Confissões do Crematório, de Caitlin Doughty

Darkside Books, 2016 || 260 páginas || Skoob
Sinopse: Ainda jovem, Caitlin conseguiu emprego em um crematório na Califórnia e aprendeu muito mais do que imaginava barbeando cadáveres e preparando corpos para a incineração. A exposição constante à morte mudou completamente sua forma de encarar a vida e a levou a escrever um livro diferente de tudo o que você já leu sobre o assunto. Confissões do Crematório reúne histórias reais do dia-a-dia de uma casa funerária, inúmeras curiosidades e fatos filosóficos, históricos e mitológicos. Tudo, é claro, com uma boa dose de humor. Enquanto varre as cinzas das máquinas de incineração ou explica com o que um crânio em chamas se parece, ela desmistifica a morte para si e para seus leitores. O livro de Caitlin – criadora da websérie Ask a Mortician – levanta a cortina preta que nos separa dos bastidores dos funerais e nos faz refletir sobre a vida e a morte de maneira inteligente, honesta e despretensiosa – exatamente como deve ser. Como a autora ressalta na nota que abre o livro, “a ignorância não é uma bênção, é apenas uma forma profunda de terror”.

RESENHA ✍

Você está pronto para morrer? Não para morrer agora, mas para aceitar de bom grado quando seu momento chegar. Já pensou no seu funeral? - Túmulo, caixão, cremação, cerimônia, e em tudo o que isso representa?

Morrer não está nos meus planos, mas depois de ler Confissões do Crematório ando pensando na morte. Não em aceitá-la, pois ainda tenho muitos livros para ler antes de morrer, mas na ideia que possuo da morte, em toda a simbologia agregada a este último ato. Você já parou pra pensar que velórios, enterros, são para os vivos? Eu nunca tinha pensado nisso até ler esse livro. Confissão minha: fujo como louca de um funeral, mas agora consigo entender melhor, e percebo o quão é importante.
“Somos animais glorificados que comem, cagam e estão fadados a morrer. Não somos nada mais do que futuros cadáveres. “
Confissões do crematório é um livro divertido e gostoso de se ler, mas também é um livro que traz sérios levantamentos e leva o leitor (pelo menos no meu caso) a entrar em profunda reflexão. Caitlin conta desde sua primeira experiência com a morte, quando aos 8 anos presenciou a morte de uma criança, e como sua curiosidade a levou a construir uma carreira na indústria funerária.

Aos 23 anos Caitlin se mudou para São Francisco para procurar um emprego onde pudesse ter mais prática com a indústria funerária, mesmo sem experiência. Contratada pela Westwind Cremation & Burial, Caitlin vai trabalhar como operadora de crematório. E aqui queridos vorazes, entramos no ápice do livro.


Através dos relatos detalhados da rotina em uma funerária começamos a entender toda a burocracia e procedimentos que envolvem a preparação de um corpo, como funciona o processo de cremação, as opções de enterro, e para que serve de verdade o embalsamento. Isso sem falar nas técnicas e ferramentas para a preparação de um corpo para um funeral.

Sem experiência e com uma vontade imensa de passar por todas as etapas que envolvem a morte, Caitlin participou de todas as atividades possíveis dentro da funerária. Desde buscar o corpo para preparação, até a entrega das cinzas. Algumas experiências foram mais fáceis, outras extremamente difíceis, mas todas importantes para construir o posicionamento da autora acerca da aceitação da morte. 
“Mesmo que passemos o dia encontrando jeitos criativos de negar nossa mortalidade, por mais poderosos, amados e especiais que nos sintamos, sabemos que estamos fadados à morte e à decomposição. Esse é um peso mental compartilhado por poucas e preciosas espécies na terra."
Oficialmente sou uma leitora de romances, mas atualmente tenho me aventurado por temáticas um pouco diferentes, e quando bati os olhos nessa capa foi amor à primeira vista. Não estou puxando o saco de ninguém, mas amei o que a Darkside fez com esse livro. Uma lombada linda, uma capa mais linda ainda, as laterais das folhas (corte) são de um vermelho vivo, e o melhor: um marcador que é a carta da morte. Não esqueçamos de falar que a revisão está perfeita.
“A morte pode parecer destruir o sentido das nossas vidas, mas na verdade ela é a fonte da nossa criatividade. Como disse Kafka: “O sentido da vida é que ela termina”.
Caitlin Doughty é uma jovem diretora de funeral, autora e youtuber que defende a aceitação da morte, e fala de forma aberta sobre o mercado funerário em seu canal "Ask a Mortician". Com dois best sellers publicados pela WW Norton and Company, aguardaremos ansiosamente que a Darkside nos presenteie com o segundo título da autora - From Here to Eternity - aqui no Brasil.


16 comentários :

  1. Tinha uma visão completamente diferente desse livro, mas ao ler sua resenha você me mostrou que não era bem o que eu imaginava e só me deixou com mais vontade de querer ler ele.


    Bjs
    Suka
    http://www.suka-p.blogspot.com.br

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    1. Que bom Suelane!!
      om certeza essa leitura vai surpreender você.

      beijos

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  2. Oie
    Você me deixou super curiosa acerca desse livro, já tinha visto em fotos no Intagram mas nunca tinha parado pra ler sobre o que se trata, deve ser incrível, ainda mais com esses temas que eu adorooo kkk Amei sua resenha.
    Bjos, Bya! 💋

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  3. Esse livro é fantástico! Eu li ele e foi impressionante como ele me fez refletir sobre a morte e encará-la com menos temor. Bom que também curtiu.

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    1. Olá Mari,

      refleti muito sobre a morte e agora tenho uma visão mais madura sobre o assunto. Foi uma leitura bastante construtiva.
      Beijão.

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  4. Olá!

    Apesar da linda capa, não é o tipo de livro que costumo ler, a premissa não me atrai. Pra quem gosta é certeza de ótimas leituras.

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  5. Oi.
    Eu também fujo loucamente de funarais. Acho que por isso esse livros talvez seja uma blá pedida para mim. Talvez se eu entender um pouco melhor a motivação por trás dos eventos eu consoga aceitar melhor.
    Adorei a dica.
    Beijos

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    1. Olá Barbara,

      Eu consegui compreender um pouco mais sobre o significado dos rituais e a importância deles. Consegui aceitar que essa "celebração" é uma parte da necessária para quem fica, isso torna os funerais mais aceitáveis.
      Até a próxima resenha. Beijos!

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  6. Olá,
    Sobre a parte que você disse que velórios são para vivos acho que eu já tinha consciência disso há muito tempo. É estranho e nem lembro o porque pensei nisso, e como você mesma pensou não penso muito na morte, talvez eu tenha preocupações com o sofrimento alheio mas em todo o resto não penso muito...
    Parece um livro um tanto quanto curioso, com um assunto diferente.

    Debyh
    Eu Insisto

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    1. É um assunto que vai passando despercebido até que chegue o momento, mas foi uma ótima leitura.

      Beijão e até a próxima resenha.

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  7. Ola lindona as edições da Editora são maravilhosas, mas dessa vez o tema do livro não chamou muito minha atenção a protagonista lidar com todas etapas da morte e ver a dor de muitos, confesso que no momento não tenho psicológico para ler. Fico feliz que a leitura te agradou bastante. beijos

    Joyce
    Livros Encantos

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  8. eu livro está nos top 10 da minha vida de livros que quero ler!
    eu já amei a capa, a premissa e ainda mais por ser baseado em uma historia real
    deve ser um livro muito intenso e que nos faz refletir
    quero muito ler e amei sua resenha <3

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