domingo, 17 de setembro de 2017

Entre Quatro Paredes, de B.A. Paris

Autora: B.A. Paris
Título original: Behind Closed Doors
Editora: Record
Ano: 2017
Páginas: 266
Skoob
*Exemplar cedido em parceria com a editora.
Sinopse: Um thriller sobre um sonho que torna-se pesadelo. Grace é a esposa perfeita. Ela abriu mão do emprego para se dedicar ao marido e à casa. Agora prepara jantares maravilhosos, cuida do jardim, costura e pinta quadros fantásticos. Grace mal tem tempo de sentir falta de sua antiga vida. Ela é casada com Jack, o marido perfeito. Ele é um advogado especializado em casos de mulheres vítimas de violência e nunca perdeu uma ação no tribunal. Rico, charmoso e bonito, todos se perguntavam por que havia demorado tanto a se casar. Os dois formam um casal perfeito. Eles estão sempre juntos. Grace não comparece a um almoço sem que Jack a acompanhe. Também não tem celular, que ela diz ser uma perda de tempo. E seu e-mail é compartilhado com Jack, afinal, os dois não guardam segredos um do outro. Parece ser o casamento perfeito. Mas por que Grace não abre a porta quando a campainha toca e não atende o telefone de casa? E por que há grades na janela do seu quarto? Às vezes o casamento perfeito é a mentira perfeita.
Grace e Jack têm a vida perfeita. Ou é isso o que deixam transparecer quando estão no meio de amigos e vizinhos, nos jantares que oferecem e nos quais são convidados. Casados a pouco mais de um ano, eles parecem perfeitos um para o outro; possuem a casa perfeita (localizada em um lugar afastado de tudo, com grades na janela e muros tão altos que não se pode ver seu interior), tem uma relação de confiança (ambos compartilham o mesmo e-mail, o e-mail de Jack) e os jantares que oferecem são perfeitos (graças a todas as horas que Grace passa na cozinha).

Mas tem um problema nisso tudo: a perfeição não existe. Não na casa de Grace e Jack. Não quando as visitas vão embora e as portas são trancadas. Não quando Jack enumera cada erro, cada imperfeição na noite. 

Ninguém parece ver além daquela fachada de casamento perfeito, pelo contrário: parecem invejar a vida daquele casal. Ninguém se questiona de fato sobre Grace ter largado o emprego que tanto gostava quando Jack pediu, nem sobre ela não possuir um telefone celular, ou um e-mail só seu. E por que ela desmarca cada almoço com suas amigas? Por que ela nunca é vista sem o marido ao seu lado? Com seu tempo acabando, Grace terá que fazer o impossível para fugir daquela mentira.
"Era tão difícil de acreditar que o homem que olhava adoravelmente para mim do outro lado da mesa era o mesmo homem que me manteve presa que quase pensava que eu tinha imaginado tudo."

Jack é um psicopata que sente prazer em causar medo, e saboreia cada minuto de terror que proporciona à vítima. Mas ninguém nunca diria algo assim do famoso advogado que dedicou toda uma carreira a defender mulheres agredidas pelo marido. Ninguém nunca o acusaria. Não ele, o perfeito Jack Angel. Grace sabe disso, e aprendeu da pior maneira possível. Ela já gritou por socorro, e foi tachada como louca. Todas as suas tentativas de fuga foram frustradas, e a única coisa que a impulsiona a continuar é saber que sua irmã, Millie, precisa dela. Jack tem todas as peças do jogo em suas mãos, todas as vantagens; está sempre um passo à sua frente, seus movimentos muito bem calculados. Mas uma hora ele dará um passo em falso, e então será seu fim.


Como tudo isso começou? Por quê Grace se uniu em matrimônio com um psicopata? Por que ela aceita fingir ter um casamento perfeito? Ela tinha que saber, não é? Errado.

Grace foi iludida por aquele que parecia um homem íntegro. Que prometeu amá-la e cuidar não só dela, mas também de sua querida irmã que tem síndrome de Down, quando a mesma fizer 18 anos e precisar sair da instituição em que estuda. Ele é, por alguns meses, o companheiro perfeito; sempre disposto a passar o tempo com elas, a planejar um futuro brilhante para a família. O pedido de casamento chega, e ela aceita. Ninguém nunca desconfiou dele, e ela não seria a primeira a fazê-lo. O pesadelo só se tornou real para Grace algum tempo depois, na lua de mel, quando já não tinha mais volta.

Os detalhes dessa relação, tanto no presente como no passado, vão sendo revelados ao leitor. Se preparem para uma trama altamente angustiante que causa revolta justamente por sabermos que o lemos aqui não está longe da realidade de centenas, talvez milhares de mulheres em todo o mundo.


A narrativa é toda em primeira pessoa, na visão da protagonista, e os capítulos são intercalados entre presente e passado. Os personagens foram bem construídos, mas esperava algo mais profundo sobre o passado da Grace e sua irmã. A autora deixa alguns furos também sobre o próprio Jack. Ele é um psicopata e advogado especializado em violência doméstica, e isso não é nada aprofundado.

O final foi o esperado, mas inteligente e bem montado. O livro choca pela tortura física e psicológica pela qual Grace é submetida, e acompanhar suas tentativas infrutíferas de fuga, quando Jack está sempre à frente, é desolador, e a autora aposta nisso para manter o leitor preso. Não esperem reviravoltas uma atrás da outra, suspense o tempo todo etc. É um livro que ganha por ser mais objetivo, mas não é menos inteligente ou instigante.

Se você é fã do gênero e curte os livros de autoras como Gillian Flynn, Paula Hawkins e Liane Moriarty, com certeza vale a pena apostar no romance de estréia da B.A. Paris também.

Leitura recomendada! 

Um comentário :

  1. Oi Gaby!
    Eu adorei a leitura desse livro, apesar de ter deixado algo mais pra imaginação do leitor, gostei disso. Já tinha ódio do personagem, tá bom assim mesmo. hahaha Mas fiquei curiosa pra saber o que ele fazia na Tailandia. rs Eu fiquei bem incomodada em várias partes do livro, realmente não tem aquelas reviravoltas a todo tempo, mas a maioria causa um desconforto - pelo menos em mim.
    Ótima resenha!!
    Beijos

    www.lendoeapreciando.com

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