domingo, 11 de setembro de 2016

Poema: Estâncias, de Emily Brontë (Stanzas)


Estâncias
Emily Brontë

Já me reprovaram e volto sempre
Aos primeiros sentimentos que nasceram comigo;
Deixo de correr atrás do ouro e do conhecimento,
Para sonhar apenas com maravilhas impossíveis. 

Mas hoje, 
Não descerei mais ao império das sombras;
Tenho medo da sua frágil e decepcionante imensidão,
E meu sonho, povoado com legiões inumeráveis,
Torna este mundo sem forma estranhamente próximo.

Caminharei,
E ficarão para trás as antigas veredas do heroísmo,
E os caminhos já exaustos da moralidade, 
E o imprevisto aglomerado de faces obscuras,
Ídolos em bruma de um passado já longínquo.

Caminharei,
Onde só agradar à minha alma caminhar,
(Não posso suportar a escolha de outro guia)
Onde os rebanhos se acinzentam no verde das campinas,
Onde o vento alucinado vergasta o flanco das montanhas.

Que pode revelar a montanha solitária?
Nada exprime sua glória e sua dor.
Minha alma dormia, quando a terra despertou,
E o círculo do Céu ao círculo do Inferno

Confundindo-se, à terra deram nascimento.


Título original: Stanzas
Autor: Emily Brontë
Tradutor: Lúcio Cardoso

Onde Encontrar: 

O Vento da Noite - Edição Bilíngue
Único livro no país que reúne exclusivamente a poesia de Emily Brontë, autora de O morro dos ventos uivante, este volume traz 33 poemas da escritora inglesa.
Publicado no Brasil originalmente em 1944, como parte da primorosa Coleção Rubáiyát, da editora José Olympio, “O Vento da Noite”, traduzido por Lúcio Cardoso, retorna em edição bilíngue pela Civilização Brasileira.
É uma bela oportunidade de reviver o encontro entre dois grandes nomes na literatura e de observar as especificidades que permeiam os processos de criação do autor e do tradutor – uma relação marcada pela sensibilidade, intimidade, escuta e delicadeza.
A edição é organizada e apresentada por Ésio Macedo Ribeiro, organizador dos Diários, de Lúcio Cardoso. A prestigiada tradutora Denise Bottman assina o texto de orelha.


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