sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Onze Semanas, de Ernani Lemos

Onze SemanasAutor: Ernani Lemos
Editora: Chiado
Ano: 2015
Páginas: 248
Skoob
*Exemplar gentilmente cedido pela editora.
Sinopse: A relação de amor entre duas pessoas, seja de mãe e filho, seja de marido e mulher, é desmedida por padrão. No início a empolgação se esforça para esconder todos os defeitos e no fim o cansaço faz esquecer todas as qualidades. Não há relacionamento em que uma pessoa veja a outra com justiça. Se existe alguém com quem nunca somos generosos, é com quem amamos. Que acontecimento poderoso consegue afastar mãe e filha por quase toda a vida? E que tipo de força é capaz de reaproximá-las nas fronteiras da morte? Da cama de hospital onde vive seus últimos dias, Claudia dá início a uma jornada dolorosa pelas experiências que moldaram a história dela e da filha, Meg. A mãe terá que ser mais rápida do que a morte para convencer a jovem a dividir confissões de uma vida marcada por um trauma. Manter-se viva e reviver a memória serão os desafios de Claudia para mudar o mundo das pessoas que mais ama. Com uma dose de mistério que fatalmente leva os olhos à próxima página, Onze Semanas é uma viagem de sensações viscerais que conduz o leitor inúmeras vezes, sem que ele perceba, ao papel dos personagens.

Em Onze Semanas acompanhamos Meg, uma mulher inteligente e de personalidade forte, porém um pouco triste e amargurada.  Ainda criança ela saiu de casa e foi morar com os tios, cortando relações com a mãe, que agora está entre a vida e a morte, deixando Meg em um difícil dilema: visitar a mãe e tentar entender melhor  seu passado e aquela mulher que tanto lhe fez mal ou viver para sempre com dúvidas sobre a própria história.

Quando ela vai visitar a mãe e cobra respostas sobre episódios de seu passado, Cláudia faz esse reencontro durar um pouco mais, entregando algumas páginas do diário que escreveu a cada vez que Meg aparecia. O relacionamento entre as duas, tão abruptamente cortado anos antes, vai ressurgindo aos poucos. Mas elas não têm todo o tempo do mundo...
"Pense na coisa mais antiga que você é capaz de se lembrar... Se for um pensamento triste, vem daí esse vazio que te assusta agora."
Meg é uma personagem que tem muitos traumas, e por isso não consegue ser totalmente feliz em nada a não ser sua carreira, ou quando está com seu irmão. Cláudia é a última pessoa que ela quer ver, mas para saber a verdade sobre seu passado traumático ela não tem muita escolha. Ela sabe que nada poderá justificar o que sua mãe fez, mas não estava preparada para o que iria descobrir.

Onze Semanas é um livro sobre descobertas, sobre memória e, além de tudo, sobre perdão. Relacionamento mãe & filha é um assunto que sempre me remete interesse na literatura, e Ernani Lemos não decepciona nesse aspecto. Meg e Cláudia não poderiam ter sido melhor construídas, e a tristeza e angústia presente nos diálogos entre elas se destaca das páginas e toca fundo o leitor. 
"Existe entre as pessoas uma escravidão de culpa. Após anos de ameaças e chibatadas invisíveis, que só machucam por dentro, muitos de nós se acostumam a carregar a culpa dos outros."

Quando Meg começa a entender que nem tudo o que ela lembrava era de fato como tinha acontecido, alguns nós vão se desatando, e ela começa a se mostrar mais emocional, mais humana, empática. No começo é difícil entendê-la, e só passamos a fazê-lo quando enfim seu passado é todo entregue, à ela e ao leitor. 

Essa foi uma leitura que prendeu do início ao fim, e suas páginas passaram rapidamente, sendo impossível resistir a mais um capítulo.  É um drama bem escrito, com um enredo bem elaborado e personagens bem construídos, além de passagens surpreendentes. O livro foi escrito em terceira pessoa, porém alguns capítulos trazem a visão de Cláudia, pois são páginas de seu diário. 
"O que vou dizer agora é uma confissão extremamente difícil para uma mãe, mas o bom de saber que a  morte está tão próxima é a urgência em falar a verdade sobre tudo."
Algumas atitudes de certos personagens me incomodaram um pouco, e o final ao meu ver poderia ter sido melhor desenvolvido, mas ainda assim foi satisfatório. A edição é simples, seguindo o padrão da editora; as páginas são amareladas e a fonte possui um tamanho confortável.

Leitura indicada para quem curte o gênero ou o assunto aqui abordado. Onze Semanas é muito, muito bom.

17 comentários :

  1. Olá Gabrielly,
    Ainda não conhecia o livro e, mesmo sendo um livro que te prendeu do começo ao fim, não fiquei interessada na obra. Não me agradou saber que algumas atitudes de certos personagens não te agradaram e não fiquei convencida mesmo, infelizmente.
    Parabéns pela incrível resenha.
    Beijos,
    Um Oceano de Histórias

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  2. Oi, tudo bem?
    Não conhecia o livro, e o assunto parece ser muito interessante, mas nunca li nada onde o foco fosse mãe e filha. Apesar disso, não sei se leria o livro, ele me parece esta muito focado nas coisas do passado relacionado com mãe e filha, o que me da a impressão de que é uma obra muito dramática, e pelo que pude vê, acho que podia ter uma estória secundária. De qualquer modo, a sua resenha ficou ótima. Parabéns!

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    1. A carga dramática é bem pesada mesmo, mas como adoro drama eu gostei bastante da leitura. Gostei da forma como o autor desenvolveu tudo. Fico feliz que tenha gostado da resenha :) Obrigada!
      Beijos

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  3. Oi Gabrielly,
    Achei o enredo interessante, gosto de livro com essa temática, porém que seja bem trabalhada e os desentendimentos sejam realmente convincentes. Por sua resenha, tenho a impressão de que posso encontrar isso nesse livro.
    Só não curtir essa capa, que tem a ver com a história, mas que se eu visse na livraria não ia nem me chamar a atenção.

    Bjs

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  4. Não conhecia o livro fiz uma leitura muito legal esse mês onde a historia se passava dentro de um diário e simplesmente amei.
    Adorei sua resenha
    Bju
    Mary Reis

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  5. Oiii!!


    Não conhecia o livro e adoro dramas, fora o fato que choro copiosamente, o livro me atraiu sobre maneiras. Gostaria muito de ler, até mesmo pq perdoar é difícil e compreender os porquês mais difícil ainda. Gostei da resenha e do seu ponto de vista. Obrigada pela dica e irei procurar saber mais sobre Meg e Cláudia.

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    1. Que bom que se interessou pela leitura! Espero que goste bastante também <3
      Beijos!

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  6. Olá, tudo bem?
    A história me chamou bastante a atenção, adoro livros em que as personagens tem uma visão de uma certa situação e no fim descobrimos que é uma coisa diferente, e as coisas começam a dar certo. Achei bem interessante a história, acho que livros assim são ótimas escolhas para podermos ver que nem todo mundo leva a vida nas mil maravilhas, acabo levando uma ótima mensagem. Adorei sua resenha.
    Abraços

    garotareading.blogspot.com.br

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  7. Oi, tudo bem?
    Nunca li nada com esse enredo de mãe e filha, atualmente não estou muito para drama, li tanto ano passado que fiquei um pouco saturada. Mas é o tipo de livro que eu leria se estivesse ainda na vibe de enredos dramáticos. Com certeza se eu voltar, ou melhor, quando eu voltar para esse gênero lerei porque achei interessante essa questão de mãe e filha resolverem assuntos inacabados antes da morte.
    Gostei muito da sua resenha.
    Beijos

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  8. Eu acho que já vi esse livro em algum lugar, mas não me ative a ler a sinopse. Lendo aqui, eu amei. Achei super interessante, e quando li suas impressões fiquei mais empolgada ainda com a leitura. Uma pena só que você achou que alguns personagens não se desenvolveram. Mas mesmo assim, me prendeu a atenção.

    ;D
    Nelmaliana Oliveira

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  9. Olá Gabi! Tudo bem?
    Não conhecia o livro e sua resenha me deixou encantada! Adorei! Gosto de livros assim, mas não leio com frequência justamente por conta do conteúdo ser um tanto denso. Livros reflexivos são sempre bons! Dica anotada!
    Bj

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  10. Olá, Gabrielly

    Agora fiquei com vontade de saber o que de tão grave - se é que foi mesmo tão grave assim - a mãe dela fez.
    Livros assim sempre me emocionam, sabe? Sinto que deve ser uma leitura bem tocante.
    Que pena que houve essa ressalva sobre aa atitudes dos personagens, mas nada é perfeito, né?
    Só não gostei muito da capa.

    Beijos

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  11. Oi Gabi, eu gosto muito de ler dramas, esse parece ter uma carga emocional muito forte.Fiquei mesmo muito curiosa para saber o que aconteceu com Cláudia no passado para que ela abrisse mão de um relacionamento íntimo de mãe e filha com a Meg. Fiquei com muita vontade de ler mesmo.
    Ótima resenha,beijos!

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  12. Oi Gabi, eu gosto muito de ler dramas, esse parece ter uma carga emocional muito forte.Fiquei mesmo muito curiosa para saber o que aconteceu com Cláudia no passado para que ela abrisse mão de um relacionamento íntimo de mãe e filha com a Meg. Fiquei com muita vontade de ler mesmo.
    Ótima resenha,beijos!

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