quarta-feira, 11 de outubro de 2017

No Reverso do Viés, de Amélia Alves

Resultado de imagem para No reverso do viésAutora: Amélia Alves
Editora: Ibis Libris
Ano: 2015
Páginas: 116
Skoob
*Recebido em parceria com a Oasys Cultural
Sinopse: "No reverso do viés" é o 4º livro de Amélia Alves, poeta e educadora, nascida em Campos dos Goytacazes, RJ, graduada em Letras, em Português-Inglês, pela Faculdade de Filosofia de Campos (UNIFLU). Mestre em Educação pela UERJ, publicou Vácuo e paisagem (Grupo Uni-verso, 1978), Atrás das borboletas azuis (Oficina do Livro, 2005), e o vol. 49 da coleção 50 Poemas escolhidos pelo autor (Galo Branco, 2009). O livro recebeu o 2º lugar no Concurso Internacional de Literatura da UBE-RJ, do Prêmio Pizarro Drummond, em 2009, na categoria poesia de livros inéditos. Prefaciado por Olga Savary e ensaio de Ivan C. Proença.
Escrever é traduzir-me ou optar
por um momento fortuito de mim pra mim
ou dividir-me entre ser e ter.
"Escritura"

Ao iniciar a leitura de um livro de poesia eu sempre dedico um tempo a pesquisar sobre o poeta. Sabendo um pouco de sua vida eu consigo visualizar melhor sua obra. Ao pegar No Reverso do Viés para ler eu fiquei um pouco apreensiva, pois foi em uma época em que eu li muitos livros do gênero; resolvi então esperar um tempo até iniciar a leitura, pois assim conseguiria aproveitar a obra da melhor forma. E foi o que aconteceu.

No Reverso do Viés, da poetisa e educadora Amélia Alves é um livro todo bonito, desde a edição ao conteúdo em si. Logo no inicio do livro temos um prefácio incrível da escritora Olga Savary, onde ela fala sobre poesia com as seguintes palavras "Poesia tem de ter carne, sangue, suor e lágrimas, prazer e dor, mais a perplexidade, sendo básico desvelar uma reflexão filosófica." Algumas linhas depois, continua: "Para tentar entender um poema faz-se necessário ler este mesmo poema um sem número de vezes. Porque a cada leitura, ele é um poema novo em folha, renovado." Ler esse prefácio (e aqui deixo registrada a importância de fazê-lo), me fez ler o livro com novo entusiasmo, com um olhar mais aguçado e ao mesmo tempo despretensioso, até porque é certo que irei reler todo o livro, e a cada releitura, como bem diz Savary, o poema se renova.


Amélia tem uma escrita muito bela, cheia de significado, um tanto intricada, pessoal; assim o leitor se perde em interpretações, interage com o texto e precisa ler duas ou três vezes seus versos para captar algo que se escondeu em um primeiro momento. Alguns poemas tiveram o poder de me trazer sentimentos muito bons, como foi o caso de Madrigal, que muito me encantou.

Abre os braços, ó manhã,
na aura do dia novo que me enlaça,
enquanto esse vento de paz,
qual breve brisa que passa,
carrega o que me desafeta
e aquieta o que me obscurece
no tempo em que me tece
em riso e rasgos de doação.

Fiapo de esperança.
Música que acalenta 
o amor. Em forma de ser criança.

Me pega pela mão
e reconstrói ao infinito
em posse do que acredito
fresta de luz e raio de sol
sorriso que me seduz.


Alguns poemas a autora dedicou a amigos e artistas, da música e da literatura. O poema que abre o livro, Essência, foi dedicado a Olga Savary, quem escreveu o maravilhoso prefácio da obra:

Não me traga de volta o que sequer perdi.
Antes pergunte pelo que vejo e passo,
quando me virem no que não vi
do que se traduz no que (me) faço.

Enquanto traço noite e dia,
é que encontro no furação o olho em furo,
pelo que sei de tanta travessia
- viagem que me trespassa gozo e apuro.

No que se perde em breu e magia,
o poema se abre e me anuncia.


Eu gostei muito dessa primeira leitura de No Reverso do Viés. Muitos poemas me tocaram profundamente e me transportaram a épocas da infância, momentos bons e dias ensolarados; outros foram como uma leve picada na pele, uma cutucada: não o suficiente para ferir de verdade, mas para acordar, ficar atento, olhar ao redor e não apenas olhar, mas ver o que se tem, o que se pode ter, o que já se teve. Ler Amélia Alves é uma viagem ao passado, as origens, e é também um convite a seguir em frente.

Com certeza uma leitura que recomendo a todos! E espero ter a oportunidade de ler mais dessa poetisa que já me conquistou.

Um comentário :

  1. Oi, Gabrielly Marques! Sua leitura muito me gratifica. Essa variedade de temas e formas de poetar me vem do convívio direto com a literatura, como professora e poeta, que provoca e cutuca o aluno e o leitor, como se quisesse acordar o mundo. num convite para seguir em frente. Prova de que também sou do signo de áries, nascida num treze de abril, terceiro decanato,de artistas e intelectuais sensíveis e comprometidos
    com a realidade, assim como você parece ser. Beijo grande.

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