domingo, 25 de janeiro de 2015

Ratos - Gordon Reece

Ratos

Shelley e a mãe foram maltratadas a vida inteira. Elas têm consciência disso, mas não sabem reagir — são como ratos, estão sempre entocadas e coagidas. Shelley, vítima de um longo período de bullying que culminou em um violento atentado, não frequenta a escola. Esteve perto da morte, e as cicatrizes em seu rosto a lembram disso. Ainda se refazendo do ataque e se recuperando do humilhante divórcio dos pais, ela e a mãe vivem refugiadas em um chalé afastado da cidade. Confiantes de que o pesadelo acabou elas enfim se sentem confortáveis, entre livros, instrumentos musicais e canecas de chocolate quente junto à lareira. Mas, na noite em que Shelley completa dezesseis anos, um estranho invade a tranquilidade das duas e um sentimento é despertado na menina. Os acontecimentos que se seguem instauram o caos em tudo o que pensam e sentem em relação a elas mesmas e ao mundo que sempre as castigou. Até mesmo os ratos têm um limite.


Algo que me chamou a atenção sobre esse livro foi o preço baixíssimo que ele tem em alguns sites. E, quando vejo um livro sendo vendido tão barato, me pergunto se não tem nada escrito nele. Me pergunto isso porque um livro (que, as vezes, leva anos até ser concluído) não deveria valer tão pouco. Por trás de um livro barato tem um autor, uma história, uma lição... Vi Ratos em MUITAS caixinhas de correio, mas a maioria dos que compram largam o livro intocado na estante. Será que o livro é ruim? Resolvi comprar e tirar minhas próprias conclusões. 

Ratos não deveria, de jeito nenhum, ficar levando poeira na estante. É uma história de carga emocional alta, que trás a visão de Shelley, uma adolescente que sofre Bullying na escola e se autointitula um rato, pois se esconde sempre que o perigo se aproxima, sem pedir ajuda de ninguém.
Porém, depois de um violento atentado na escola, que a deixou com cicatrizes no rosto e na alma, sua mãe toma conhecimento de tudo o que sua filha passou e resolve comprar uma casa para as duas longe de tudo, principalmente das pessoas. 
Elas pensavam estar livre de todo o sofrimento e o medo, mas, ali no meio do nada, a casa onde moram é invadida por um delinquente e Shelley fica cara a cara com a morte novamente, mas, cansadas de toda a humilhação que passaram, Shelley e a mãe não se escondem, elas enfrentam e tomam decisões que mudarão suas vidas. Até os ratos têm um limite, e as duas estão prontas para virar o jogo. 

"Talvez, pensei, aquilo que não conseguimos compartilhar com os outros seja o que realmente define quem somos." Página 33




























Ratos não foi uma total surpresa pois eu, de alguma forma, soube que eu iria gostar do livro. A surpresa foi que não só gostei, mas a leitura me proporcionou coisas tão boas e acrescentou tanto no meu  "currículo de leitora" que eu me apaixonei por ele. 
Não é novidade o meu amor por livros de mistério/suspense/drama, e ler um livro que carrega todos esses tópicos tão lindamente me fez perceber que existem livros desconhecidos e vendidos à preço de banana que, independente do que se trate, podem ser muito, muito interessantes.

"Fitando o céu, eu gostava de imaginar que vivia em uma época mais simples e inocente - de preferência antes de surgirem os seres humanos, quando a Terra era um vasto paraíso verde e quando a crueldade de ferir apenas por puro prazer era completamente desconhecida." Página 14

A narrativa é em primeira pessoa e quem nos narra é a Shelley, uma adolescente que ama ler e sonha em ser escritora, uma adolescente comum que passou por tanta coisa em tão pouco tempo que precisa deixar sempre tudo bem claro em sua mente para lembrar que aquelas coisas realmente aconteceram, para se mantar lúcida. 

"A realidade era exatamente o oposto da ordem e da beleza; era o caos e o sofrimento, a crueldade e o horror. Era ter seus cabelos incendiados sem ter feito mal a ninguém, era ser explodido por uma bomba terrorista ao levar seus filhos à escola ou ao sentar em seu restaurante favorito, era apanhar até morrer em uma viela enquanto lhe roubam o pequeno salário que acabou de receber, era ser estuprada por bêbados, era ter a garganta cortada por um viciado (...) A realidade era um massacre diário de inocentes. Era um abatedouro, um açougue, forrado pelos corpos de inúmeros ratos..." Página 68

Temos também a mãe de Shelley que tenta proteger a filha de todo o mal, mas que nem sempre consegue proteger a si mesma, então, quando algo horrível acontece, as duas mostram quem podem ser mais fortes, e essa ideia faz com que as duas passem a lidar com os infortúnios da vida de forma não amigável, digamos assim. No fim, já não eram mais vítimas, muito menos presas fáceis... 

Uma história tocante, sensível e cheia de lições. Ratos deveria ser leitura obrigatória. Mudaria muita coisa, em muita gente. Nos mostra que não existe Bullying leve, pois a raiva e a agressão faz mal a todos, tanto às vítimas quanto aos agressores. Se trocarmos a raiva pela gentileza, todos sairão ganhando. 

E vocês que estão com esse livro na estante a séculos: leiam. 




4 comentários :

  1. Eu acho que fui a unica pessoa no mundo que pagou mais do que 10 reais nesse livro, por que comprei na livraria! AHAHAHAHA E juro, não me arrependi, foi só bater o olho nele que sabia que ia gostar! Adoro tHriller psicológico! A realidade delas é surreal, o livro desperta tantos sentimentos, a gente fica com raiva pela passividade, com pena das duas, depois se sente orgulhosa por que elas cometeram um crime! PORRAN, ISSO É DEMAIS! Esse livro é íncrivel, adoro essa coisa meio ultraviolencia! Sério, muito bom! De fato não devia ficar esquecido na estante NUNCA!!

    http://www.livrologias.com/

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    1. Thriller psicológico é o que há!!! hahaha
      Me despertou muitos sentimentos também, até agora não sei o que falar dele! Livro incrível.
      Só o Gordon pra fazer o leitor ter orgulho pelas personagens cometerem um crime!!! hahahha, esse autor é um gênio, sem mais.
      Beijos, Camila!! :D

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  2. Também já vi várias vezes esse livro em oferta, até pensei em comprá-lo uma vez mas acabei deixando para uma próxima oportunidade, pois estou focada mais nos meus desejados.
    Às vezes seu valor baixo se deve ao desconhecimento da obra ou pouca divulgação =/
    Você ressaltou pontos interessante, parece ser uma história forte mas com uma mensagem tocante. Fiquei curiosa.

    Samantha Artes e Books

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    1. Sim, o livro não teve quase nenhuma divulgação e isso é péssimo já que é uma história tão boa, tão bem escrita e tão cara de clássico!
      Fico muito feliz que tenha ficado curiosa, leia mesmo.
      Beijos!!!

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